Nova ópera, apesar dos cofres vazios
17 de setembro de 2003Apesar de relativamente discreta, a recém inaugurada ópera não deve passar despercebida para os moradores da pequena Erfurt ou para o visitante esporádico da cidade. Trata-se de um quadrado de 71,5 x 71,5 metros, com uma fachada de vidro de 12 metros de altura e fundamentos que vão até 12 metros abaixo do nível da rua. O próprio palco situa-se a quatro metros e meio "sob a terra". "Uma fortaleza para o som e para os 60 milhões de euros", ironiza o semanário Der Spiegel.
Localizada em um espaço que durante os anos comunistas da República Democrática Alemã (RDA) abrigou um galpão de montagem, após ter sediado uma fábrica de armas, a edificação custou aos cofres oficiais uma soma nada desprezível. E isso em tempos de vacas magras para o país, que, apesar de tudo, conseguiu inaugurar o primeiro teatro completamente construído nos estados pertencentes à ex-Alemanha Oriental após a queda do Muro de Berlim.Cooperações - O diretor suíço da Ópera, Guy Montavon, cujos recursos no dia-a-dia não serão tão pomposos quanto o prédio que ocupa, não irá dispor de um corpo próprio para a ópera. As alternativas: encenações e balés convidados e cooperações com companhias européias. Uma parceria com Monte Carlo vem sendo cogitada entre as opções.
Entre outros, Montavon planeja levar à pequena Erfurt "raridades" que não chegam às grandes casas do país, como as encenações de Adriana Lecouvreur (Cilea) ou Bajadere (Kálmán). Para o próximo ano, já está agendada a estréia mundial de uma Ópera de Philip Glass.Lutero - Para a inauguração da casa, além dos "ovos com maionese" do coquetel (Süddeutsche Zeitung), o público pôde degustar a encenação de Lutero, do compositor berlinense Peter Aderhold. Uma homenagem aos anos em que o reformador passou na universidade e no mosteiro da cidade e uma peça informativa sobre sua biografia.