Novas informações de Snowden podem prejudicar ainda mais os EUA
14 de julho de 2013Glenn Greenwald, repórter do jornal inglês The Guardian que primeiro divulgou as revelações de Edward Snowden sobre a espionagem estatal norte-americana, afirmou que o informante ainda detém muitos dados prejudiciais para os Estados Unidos.
Em entrevista realizada no Rio de Janeiro e publicada neste sábado (13/07) pelo periódico argentino La Nación, Greenwald advertiu: "Snowden possui bastante informação para, num único minuto, causar mais danos ao governo dos EUA do que qualquer pessoa já causou".
"O governo dos EUA deveria estar de joelhos todo dia, implorando para que nada aconteça a Snowden. Pois se algo chegar a acontecer, todas as informações serão reveladas, e isso talvez seja o pior pesadelo [para Washington]."
Entre os documentos mantidos em diferentes esconderijos pelo ex-contratado da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) e ex-funcionário da CIA, alguns descrevem em detalhes como os programas de espionagem norte-americanos conduzem a vigilância na América Latina, disse o jornalista.
"Uma forma de interceptar as comunicações é através de uma companhia telefônica nos Estados Unidos que tem contratos com firmas de telecomunicações na maioria dos países latino-americanos", exemplificou Greenwald, sem revelar o nome da companhia em questão.
Entre a Rússia e a América Latina
Edward Snowden se encontrava em Hong Kong quando o Guardian publicou suas denúncias. Desde que deixou a cidade chinesa, três semanas atrás, ele está confinado à área de trânsito de Sheremetyevo, um dos aeroportos internacionais de Moscou.
As autoridades dos EUA têm procurado obter a extradição do ex-consultor de 30 anos de idade, de modo a submetê-lo a processo por espionagem.
Na sexta-feira, os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin mantiveram uma conversa telefônica a respeito, sem resultados imediatos. Caso seja condenado, Snowden está sujeito até mesmo à pena capital.
No mesmo dia, o whistleblower revelara a ativistas dos direitos humanos, reunidos no Aeroporto de Sheremetyevo, que planeja requerer asilo temporário na Rússia, até que seja seguro seguir para um destino permanente na América Latina.
Entre os poucos governos que aceitariam abrigar Snowden estão o da Bolívia e o da Venezuela. Neste sábado, o chefe de Estado boliviano, Evo Morales, reiterou a oferta de asilo ao informante, porém assegurando que La Paz agirá em concordância com "todas as normas diplomáticas e acordos internacionais".
AV/afp/dpa/rtr