1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
MigraçãoBangladesh

Novo incêndio atinge campo rohingya em Bangladesh

7 de janeiro de 2024

Autoridades suspeitam de ataque incendiário em local que abriga milhares de refugiados da minoria muçulmana apátrida que foge de perseguição no vizinho Mianmar.

https://p.dw.com/p/4awSk
Pessoas observam incêndio no campo de refugiados de Kutupalong, em Bamgladesh
Mais de mil abrigos foram destruídos no campo de refugiados de Kutupalong, em BangladeshFoto: Shafiqur Rahman/AP/picture alliance

Um incêndio de grandes proporções atingiu um campo de refugiados da etnia rohingya no distrito de Cox's Bazar, em Bangladesh, deixando milhares de desabrigados, informaram neste domingo (07/01) autoridades locais, em meio a suspeitas de um ataque incendiário.

Mais de mil abrigos foram destruídos no campo de refugiados de Kutupalong, em Ukhiya, após as chamas se espalharem rapidamente nas primeiras horas do dia em razão dos ventos fortes. O local abriga um enorme complexo de estruturas de bambu e lona, erguidas bastante próximas umas das outras.

O chefe do Corpo de Bombeiros da região, Shafiqul Islam, informou que cerca de 1.040 abrigos foram destruídos e que investigação foi iniciada em razão da suspeita de um incêndio criminoso. Ao menos 4 mil pessoas ficaram desabrigadas. Não houve registro de mortes no local.

O campo de Kutupalong, considerado o maior do mundo, abriga, na maior parte, membros da refugiados minoria muçulmana apátrida que fogem perseguição no vizinho Mianmar. Outro incêndio ocorrido no local em março de 2023 deixou cerca de 12 mil desabrigados.

Sem direito à cidadania

Os Rohingya não são reconhecidos oficialmente em Mianmar, onde são discriminados pela maioria budista. Eles não têm direito à cidadania e outros direitos constitucionais, sendo excluídos do acesso a cuidados médicos, sem a possibilidade de enviar os filhos à escola ou circular livremente.

As condições em Mianmar se agravaram desde o golpe militar de 2021. As tentativas de permitir o retorno dos rohingya ao país fracassaram, enquanto o governo de Bangladesh se recusa a expulsá-los do pais. Entidades de direitos humanos avaliam que as condições atuais em Mianmar não são propícias à repatriação.

Mais de um milhão de rohingya fugiram de Mianmar para Bangladesh nas últimas décadas, incluindo cerca de 740 mil que cruzaram a fronteira desde agosto de 2017, quando os militares birmaneses deram início a uma violenta repressão ao membros da minoria.

Acusações de genocídio

Naquele ano, o Exército birmanês iniciou a chamada "operação de limpeza" no noroeste do estado de Rakhine, na fronteira de Mianmar com Bangladesh. Civis foram mortos, mulheres e meninas estupradas, vilas inteiras incendiadas.

As forças de segurança de Mianmar justificaram a operação de agosto de 2017 como uma reação ao ataque a várias estações policiais pelo Exército Arakan, grupo guerrilheiro étnico de Rakhine envolvido num conflito armado contra o governo.

As Nações Unidas e organizações de direitos humanos condenaram a operação. Os militares foram acusados de crime de guerra e contra a humanidade e de genocídio.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) investiga Mianmar por violação da Convenção sobre a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. O país também é alvo de uma investigação na ONU.

rc (AFP, AP)