Novo ministro alemão da Defesa toma posse
19 de julho de 2002Com a mudança abrupta, a coalizão de governo social-democrata (SPD) e Verde quer dar um arranque na campanha para a eleição do novo Parlamento e do governo em 22 de setembro, demonstrando ágil capacidade de ação e também pelo fato de livrar-se de um ministro muito polêmico.
O Parlamento, em recesso de verão, será convocado extraordinariamente para o juramento do novo ministro na próxima semana. Mas Struck já começou a cumprir sua agenda de ministro da Defesa e anunciou para a próxima semana uma visita aos soldados alemães que integram a tropa internacional de proteção no Afeganistão (ISAF) e a seguir aos estacionados na Bósnia e Kosovo.
A substituição imediata de Scharping no Ministério da Defesa gerou grande alívio entre os social-democratas e seus parceiros de coalizão de governo, o Partido Verde. A bancada do SPD no Parlamento recebeu com aplausos a justificativa apresentada pelo chanceler federal, Gerhard Schröder, numa reunião de emergência, em Berlim. O Partido Verde também ficou contente de o gabinete ter se livrado do ministro que se envolvera em vários escândalos no último ano. "O mais importante é que as Forças Armadas não resvalem para as manchetes da imprensa agora na campanha eleitoral", comentou a porta-voz dos verdes para questões militares, deputada Angelika Beer.
Scharping foi demitido um dia depois de a revista Stern ter publicado que ele recebeu o equivalente a 71.600 euros da agência de relações públicas Hunzinger de Frankfurt, a título de horários por palestras e adiantamento pelas suas memórias. A lei determina que os ministros alemães não podem ter outra fonte de renda além do Ministério. A oposição, que vinha cobrando o afastamento de Scharping há um ano, viu a nomeação do seu sucessor como uma solução de emergência e não duradoura, "dada a inexistência de uma reputação de Struck em questões de segurança e defesa".
Colaborador íntimo de Schröder
Struck, de 59 anos, deixou o posto de líder do Partido Social Democrático (SPD), cujo presidente é o chefe de governo Schröder. O novo ministro é um colaborador íntimo do chefe de governo e os dois têm uma ligação estreita em que um tira proveito do outro. Isso foi evidenciado em decisões importantes e difíceis do Parlamento, como o envio de soldados para a Macedônia, e no debate na coalizão sobre a participação da Alemanha na ação militar de combate ao terrorismo no Afeganistão, que Schröder prometera aos Estados Unidos depois de 11 de setembro. Struck defendeu com veemência a posição do chefe de governo à sua maneira impertinente e sem papas na língua. Seu sucessor na liderança do SPD será o até agora vice-líder Ludwig Stiegler.
É a segunda vez que o social-democrtata Struck substitui o seu correligionário Scharping. A primeira foi em 1998 como líder do SPD e agora como ministro da Defesa. Struck pertence ao SPD há 39 anos e seu trabalho é altamente apreciado pelo partido. Ele é deputado federal há 22 anos e disse certa vez que jamais gostaria de ser ministro. Sua nomeação agora para a pasta da Defesa foi pensada como uma solução de emergência e de transição, tendo em vista as eleições parlamentares de 22 de setembro. Mas o secretário-geral do SPD, Franz Müntefering, já defendeu a sua permanência no cargo, se os democrata-cristãos (CDU), social-cristãos (CSU) e liberais (FDP) não retomarem o poder que perderam para os social-democratas e verdes na última eleição quatro anos atrás.