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Novo ministro alemão do Meio Ambiente diante de difícil tarefa

22 de maio de 2012

Desistência da energia nuclear e dos combustíveis fósseis, emprego de energias renováveis: mudança da política energética é a tarefa mais difícil do novo ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier.

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Foto: picture-alliance/dpa

Muitas tarefas esperam por Peter Altmaier, após assumir o cargo de novo ministro alemão do Meio Ambiente nesta terça-feira (22/05) em Berlim.

Como diretor parlamentar da bancada conservadora cristã, até agora ele fazia trabalho de bastidores para garantir a maioria no Parlamento para sua superior, Angela Merkel. No entanto, tinha pouco a ver com questões ambientais. E uma coisa é certa: a pressão é grande sobre o novo ministro alemão do Meio Ambiente.

Sob a influência da catástrofe de Fukushima, há cerca de um ano, a chanceler federal alemã anunciou a desistência da energia nuclear. Todas as usinas nucleares alemãs serão desligadas até 2022. No futuro, deverá se produzir eletricidade na Alemanha especialmente a partir de fontes renováveis de energia.

O primeiro grande passo foi o desligamento de oito usinas nucleares antigas, cujos padrões de segurança não correspondiam aos últimos avanços da técnica. O temido apagão, anunciado por muitos críticos, não se concretizou. Mesmo em pleno inverno não faltou energia, e ninguém teve que ficar no escuro ou passar frio.

Esse foi o único sucesso de Norbert Röttgen, antecessor de Altmaier, demitido em 16 de maio último. Agora, Peter Altmaier terá de resolver os problemas da implantação da mudança da política energética.

Anti-Atomkraft-Demos in deutschen Städten
Manifestações contra energia nuclear na AlemanhaFoto: picture alliance/dpa

O que fazer com o lixo nuclear?

Ainda não está esclarecida, por exemplo, a questão de um depósito definitivo para os dejetos radioativos. Ninguém sabe ainda o que fazer com o lixo das usinas nucleares alemãs, que permanece ativo por milhares de anos. Até o momento, ele é muitas vezes armazenado na área dos reatores, mas isso não é uma solução permanente.

Durante muito tempo, a mina de sal subterrânea em Gorleben, na Baixa Saxônia, foi considerada o único local cogitável como depósito definitivo. Durante décadas, foram realizadas perfurações, pesquisas e testes no local. No entanto, a adequação da mina de sal para esse fim ainda é controversa. Defensores e oponentes enfrentam-se continuamente.

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Controvérsia: mina de sal em Gorleben como depósito de resíduos radioativosFoto: picture-alliance/dpa

O que acontecerá com o subsídio à energia solar?

O segundo maior desafio para o novo ministro do Meio Ambiente Altmaier é a controvérsia em torno do fomento à energia solar. Berlim aposta, de fato, em sua contínua expansão, mas quer diminuir os subsídios. O corte previsto de até 30% não conseguiu passar recentemente pelo Bundesrat, câmara alta do Parlamento alemão, que representa os estados do país.

Os estados federados temem que a pretendida redução venha a provocar uma onda de falências entre as fabricantes alemãs de tecnologia solar. Nesse setor industrial, uma guerra de preços em massa é iminente. Sobretudo fabricantes chineses inundaram o mercado com preços competitivos.

Altmaier precisa resolver esse conflito o mais rápido possível. A incerteza sobre o curso futuro dos acontecimentos inibe o investimento. Ao mesmo tempo, a ameaça de uma explosão de custos paira sobre os cidadãos, que através da conta de eletricidade pagam subsídios à produção solar de mais de 7 bilhões de euros anuais.

Como a energia chega ao cliente?

Existem também problemas com a expansão das redes elétricas. Afinal de contas, a energia tem que ser levada dos grandes parques eólicos offshore em planejamento para o consumidor. As redes existentes não são suficientes, sendo necessárias novas linhas de transmissão. Mas isso leva tempo e o processo de planejamento é complicado.

Também existem debates sobre a questão se a energia eólica deve vir, de fato, principalmente de usinas eólicas em alto mar. Os críticos consideram os projetos superdimensionados e seus custos incalculáveis. Eles defendem projetos de turbinas eólicas de pequeno porte descentralizadas, localizadas próximas do consumidor final.

Enquanto as fontes de energia renováveis não bastarem, a energia deve provir de usinas de carvão e gás. Mas estas tampouco são suficientes. No entanto, enquanto tais condições não estiverem esclarecidas, as empresas hesitam em investir. Elas exigem assistência financeira.

E muito potencial de economia no setor de energia encontra-se ainda inexplorado. Propostas da União Europeia para uma maior eficiência energética foram afrouxadas sob pressão do ministro alemão da Economia, Philipp Rösler.

Qual a importância da mudança de política energética?

"Os próximos meses", declarou o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Hans-Peter Keitel, "serão cruciais para o sucesso da revolução energética." Ele garantiu apoio a Altmaier.

Deutschland Bundespräsident Kandidat Klaus Töpfer
Klaus Töpfer exige diretiva clara para mudança energética na AlemanhaFoto: dapd

Também Hans Heinrich Driftmann, presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), exige uma implementação confiável da reforma da política energética: "Caso não se encontre uma estratégia em breve, é provável que o fornecimento, segurança e preços da energia saiam de controle", declarou.

Klaus Töpfer, antigo diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e um dos nomes mais proeminentes da política ambiental alemã, apela pelo desenvolvimento de uma diretriz clara, com vista à implantação da nova política energética. Mas ainda não se sabe como seus objetivos poderão ser alcançados ao longo dos próximos dez anos. "Nesse ponto, é preciso pressionar mais para a implementação", comentou.

O mundo olha para a Alemanha, sublinhou Töpfer, "Por todo o mundo observa-se de perto se uma nação industrial como a Alemanha conseguirirá realizar uma política energética que preserve a estabilidade econômica, além de dispensar a energia nuclear e um maior uso de combustíveis fósseis." A mudança da política energética tem que funcionar de qualquer modo, disse Töpfer, "porque esses são os empregos do futuro".

Autor: Nils Naumann (ca)
Revisão: Augusto Valente