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Novo presidente da Ucrânia leva rostos conhecidos de volta ao poder

Roman Goncharenko (md)7 de junho de 2014

Recém-eleito como chefe de Estado, Petro Poroshenko tomou posse neste sábado. Embora tenha prometido "uma vida nova", o milionário é assessorado por uma série de políticos atuantes na gestão de Viktor Yushchenko.

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Foto: Reuters

Com uma referência direta a Moscou e uma tomada de partido pela Europa, o novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, tomou posse neste sábado (07/06) em Kiev. "Não fazemos nenhuma concessão quanto à Crimeia, à decisão da Ucrânia pela Europa e à estrutura política do país", disse Poroshenko durante sua posse.

"A Crimeia foi e continua ucraniana", declarou Poroshenko após o juramento no Parlamento ucraniano. O novo chefe de Estado afirmou também ter deixado isso "claro" ao presidente russo, Vladimir Putin, no breve encontro que os dois tiveram durante a comemoração do Dia D, na Normandia.

Com 48 anos, Petro Poroshenko é o mais jovem dos cinco presidentes que governaram a Ucrânia desde 1991. Ele é o primeiro chefe de Estado de uma geração que foi socializada na União Soviética mas que festejou sucesso profissional numa Ucrânia independente. Ao contrário de seus antecessores, fala fluentemente inglês. Com fortuna estimada em mais de um bilhão dólares, é consideravelmente mais rico que seus antecessores.

O empresário deve seu sucesso político ao movimento civil contra a corrupção e à orientação ocidental da Ucrânia. Durante o inverno ucraniano, centenas de milhares exigiram na "Maidan", a Praça da Independência, em Kiev, caras novas na política do país. Poroshenko estava no palco naquela época e ouviu cuidadosamente a ânsia popular. Durante sua campanha, prometeu "uma vida nova", sem corrupção e com prosperidade. Além da promessa de recuperar a Crimeia, anexada pela Rússia, seu programa eleitoral não continha quase nada que já não tivesse sido prometido por seus antecessores.

Sempre próximo ao poder

ukrainische Politiker Juschtschenko und Janukowitsch
Presidentes Yushchenko e Yanukovytch, então recém-eleito, antes da transmissão de cargo, em 2010

Proprietário de várias fábricas de doces, ele começou sua carreira política em 1998, quando foi eleito para o Parlamento como deputado do Partido Social Democrata da Ucrânia. Críticos chamavam a legenda de um "clube de oligarcas", porque a liderança da agremiação era composta por ricos empresários. Poroshenko também foi membro fundador do Partido das Regiões, que perdeu força por conta do movimento da praça Maidan.

Como outros oligarcas na Ucrânia, Poroshenko também sempre buscou a proximidade do governo, mas nunca permaneceu no cargo por muito tempo. Ele foi presidente do Conselho de Segurança e ministro do Exterior sob o presidente pró-ocidental Viktor Yushchenko. Poroshenko cooperou também com o sucessor deste, o líder pró-russo Viktor Yanukovytch, de quem foi ministro da Economia por alguns meses.

O legado de Yushchenko

O movimento da Maidan pedia uma mudança de gerações na política. Mas a presidência de Poroshenko parece ser um retorno da equipe de Yushchenko pela porta dos fundos. Isso se aplica sobretudo ao próprio Poroshenko. Enquanto empresário, ele apoiou Yushchenko como nenhum outro antes e principalmente durante a Revolução Laranja de 2004. Ambos são amigos íntimos. Yushchenko é padrinho das filhas gêmeas de Poroshenko.

Devido à falta de popularidade de Yushchenko, Poroshenko evitou enfatizar sua amizade com o ex-presidente durante a sua campanha. Mas quem examinar mais detalhadamente a equipe do presidente eleito, constata que o grupo é composto por quadros da gestão de Viktor Yushchenko.

A campanha de Poroshenko foi planejada por Ihor Hryniv. O deputado, de 53 anos e ex-diretor do Instituto de Estudos Estratégicos de Kiev, foi consultor de Yushchenko. Mais tarde, integrou a bancada parlamentar do seu partido, Nossa Ucrânia. O especialista em política externa e diplomata de 43 anos Valery Chaly também pertenceu à equipe de Yushchenko. Na campanha eleitoral de Poroshenko, ele era responsável por questões de política externa. O ex-ministro da Justiça de Yushchenko, Roman Svarytch, de 60 anos, também está de volta, como consultor jurídico de Poroshenko.

Também no interior do país, o quadro é semelhante. O chefe da Casa Civil na gestão Yushchenko, Viktor Baloha, chefiou a campanha eleitoral de Poroshenko na província ocidental de Transcarpácia.

Menos poder que antecessor

Präsidentschaftswahlen in der Ukraine Poroschenko und Klitschko 25.05.2014
Poroshenko e Vitali Klitschko: novo presidente depende do apoio do ex-pugilistaFoto: Reuters

Como presidente, Poroshenko terá menos poder que o seu antecessor, Yanukovytch, depois da mudança no sistema de governo adotada em fevereiro pelo Parlamento ucraniano. O verdadeiro centro de poder é agora o Parlamento e o gabinete por ele nomeado. Poroshenko já anunciou planos para cooperar com o atual primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk, do partido Pátria, cuja presidente é a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko.

Poroshenko também é dependente do prefeito recém-eleito de Kiev e campeão de boxe Vitali Klitschko e de seu partido, Udar. Ambos formaram uma aliança antes das eleições. Klitschko tem uma bancada forte no Parlamento, enquanto o partido próprio de Poroshenko, Solidariedade, fundado em 2001, até agora praticamente só existe no papel. Em pesquisas de opinião, entretanto, o Solidariedade tira partido da popularidade de Poroshenko, encontrando-se na ponta da preferência do eleitorado, com 17%. Poroshenko visa eleições legislativas antecipadas no final deste ano e espera que seu partido saia do pleito como o mais forte.

Para isso, ele receberá ajuda de Yuri Stez e Yuri Lutsenko. Stez, de 38 anos, dirigiu por mais de dez anos o Canal 5, a estação de TV de Poroshenko. Em meados de 2013, o deputado Stez foi eleito presidente do partido Solidariedade. Lutsenko, de 49 anos, foi ministro do Interior do governo Yushchenko, esteve na cadeia no governo Yanukovytch e fez campanha para Poroshenko. Ambos são políticos experientes não rostos novos, como exigia o movimento da Maidan há alguns meses.