1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Nutricionistas querem resgatar dieta mediterrânea

Dany Mitzman (av)11 de agosto de 2013

País ostenta fama de excelente cozinha, tanto em termos de sabor quanto de saúde. Mas estilo de vida moderno força italianos a abrir mão de suas tradições alimentares. E já são campeões europeus de obesidade infantil.

https://p.dw.com/p/19LcK
Foto: Fotolia/Comugnero Silvana

Há anos a dieta mediterrânea é considerada um modelo de nutrição saudável. Ela é rica em azeite de oliva, leguminosas e verduras, frutas e nozes, fibras e carboidratos não refinados, além de uma quantidade moderada de peixe e vinho, poucos laticínios e um mínimo de carne vermelha ou de aves.

Além de reduzir o risco de moléstias cardíacas e obesidade, constatou-se que essa dieta reduz a glicose sanguínea e promove perda de peso entre diabéticos tipo 2.

Um estudo recente realizado na Universidade de Navarra, na Espanha, demonstrou, ainda, que a alimentação mediterrânea aumenta a capacidade mental dos idosos e é melhor do que uma dieta de baixa gordura para os pacientes com risco de demência vascular.

Naturalmente, um dos países que mais se associa à dieta mediterrânea é a Itália, tão admirada e respeitada por sua reputação culinária. No entanto, a situação dos italianos modernos parece não ser nada melhor do que a de outras nações industriais, quando se trata de comer de forma saudável.

Infografik Mediterrane Diät Brasilianisch
Vegetais na base, poucos produtos processados e animais: princípio da alimentação mediterrânea

Alimentação mudou com a vida

A Itália era tradicionalmente o país da pausa de almoço de três horas. As mães cozinhavam, a cada dia, suntuosos banquetes – deliciosos, nutritivos e frescos –, que eram seguidos por longas sestas.

Isso é coisa do passado, afirma Giulio Marchesini, professor de Ciências da Alimentação da Universidade de Bolonha e diretor da Clínica de Doenças Metabólicas e Dietéticas do Hospital Sant'Orsola. "A alimentação mudou porque a vida mudou", diz, referindo-se às pressões da sociedade moderna.

Segundo ele, hoje em dia os italianos estão sempre com pressa e não têm mais tempo de ir para casa na hora do almoço. "Às vezes comemos de pé, também jogando ou estudando ou fazendo alguma coisa no computador." Além disso, os italianos consomem atualmente muito mais comida embalada e processada do que antes.

A Itália contemporânea sofre de uma epidemia de obesidade e de um avanço radical do diabetes tipo 2, diz o especialista em nutrição. "Estamos no topo da lista da obesidade infantil na Europa, e isso é um problema, pois uma criança obesa tem quase 100% de probabilidade de se tornar um adulto obeso."

É certo que a maioria dos italianos segue consumindo muito azeite, massas e vegetais, mas muitos não têm ideia do que compõe, exatamente, uma dieta mediterrânea saudável. Alimentos de preparo fácil, como presunto, salame e queijo, são agora ingeridos diariamente; sobretudo no norte do país, a dieta é abundante em carne de porco, vaca e gorduras animais.

Gericht Fischessen Symbolbild
Peixe é alimento animal número umFoto: Fotolia/udra11

Benefícios para a saúde

Na última década, uma série de estudos tem repetidamente enfatizado as vantagens da dieta mediterrânea na contenção de moléstias que vão desde o mal de Alzheimer e Parkinson, a doença cardíaca coronária e o infarto até o câncer.

Em 2013, a fundação inglesa Western Sussex Hospitals comparou os resultados de 20 estudos, a fim de investigar o impacto de sete dietas populares sobre os adultos portadores de diabetes tipo 2.

Tanto a variante mediterrânea como as de baixo carboidrato, de alta proteína e de baixo índice glicêmico reduziram o açúcar no sangue dos participantes. Porém a surpresa foi que a dieta mediterrânea acusou sucesso muito maior na redução do peso do que as de baixo carboidrato e de baixa gordura.

Marchesini aponta uma outra razão importante por que todos deveriam seguir a dieta mediterrânea: os recursos econômicos e ecológicos globais. "As dietas não mediterrâneas, ou seja, ricas em carne, não são mais sustentáveis em termos do impacto ambiental sobre o planeta."

Ele e sua equipe se empenham para promover o retorno ao modelo mediterrâneo. Pois, como ele enfatiza, a questão não é apenas o que se coloca na boca. Em sua clínica de doenças metabólicas e dietéticas em Bolonha, os pacientes não são mais enviados para casa com dietas para redução de peso.

"Oferecemos cursos educacionais e uma equipe de nutricionistas e clínicos. Temos especialistas em exercícios físicos, um psicólogo – tudo o que pode ajudar as pessoas a mudar seu estilo de vida", descreve o professor.

E Marchesini também põe em prática aquilo que prega: come muitas leguminosas, frutas, legumes e verduras, e todos os dias vai para o trabalho de bicicleta – faça chuva, faça sol.