Número de nascimentos no Brasil cai pela 1ª vez desde 2010
14 de novembro de 2017Pela primeira vez desde 2010, o Brasil registrou, no ano passado, uma queda no número de nascimentos, tendência observada em quase todos os estados do país, informou um levantamento divulgado nesta terça-feira (14/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2016, foram registrados cerca de 2,79 milhões de nascimentos em todo o Brasil, o que representa uma queda de 5,1% em comparação com o ano anterior, quando nasceram 2,95 milhões de crianças.
Entre os estados, apenas Roraima registrou aumento no número de nascidos entre 2015 e 2016, de 3,9%. Já a maior queda ocorreu em Pernambuco, com 10% a menos de nascimentos nesse mesmo período. Entre as regiões, a menor redução foi no Sul (3,8%), e a maior, no Centro-Oeste (5,6%).
Segundo o IBGE, a distribuição de nascimentos por grupo de idade da mãe não sofreu alterações em relação a 2015. As crianças nascidas na região Norte são em sua maior parte de mães entre 20 e 24 anos, enquanto no Sul e no Sudeste, de mães de 25 a 29 anos.
O número de nascimentos em todo o país oscilou de maneira tênue entre 2003 e 2010, passando a seguir uma tendência de crescimento desde então. Em 2016, porém, o índice não só caiu, como registrou a queda mais acentuada em dez anos.
Pesquisadores do IBGE explicam que, além da propensão mundial de se engravidar com mais idade, outro fator que pode ter influenciado a queda no número de nascimentos em 2016 foi o surto de zika, que teria adiado os planos de gravidez para muitas mulheres.
"Além da tendência crescente de ter filhos mais tarde, várias famílias podem ter se assustado com a epidemia de zika que afetou o país entre 2015 e 2016, que foi associada ao nascimento de bebês com microcefalia", afirmou Cristiane Moutinho, pesquisadora do instituto.
A hipótese explicaria o fato de a maior redução no número de nascimentos ter ocorrido em Pernambuco, estado que registrou um alto índice de casos da doença. Para Moutinho, a crise econômica que arrasta o Brasil há tempos também pode ter contribuído.
Menos casamentos, mais divórcios
O levantamento do IBGE também traz dados sobre matrimônio no Brasil, indicando que, em 2016, houve uma queda de 3,7% no número de casamentos em comparação com 2015. Foram realizados, no ano passado, um pouco menos que 1,1 milhão de matrimônios em todo o país, sendo 5,35 mil entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo a pesquisa, no âmbito nacional, houve redução tanto de casamentos heterossexuais como homossexuais, com exceção das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que apresentaram aumento no número de casamentos civis entre casais gays, de 1,6% e 7,7%, respectivamente.
Em todo o país, nas uniões entre pessoas de sexos diferentes, os homens casaram-se, em média, aos 30 anos, e as mulheres, aos 28 anos. Já nas uniões entre pessoas do mesmo sexo, a idade média no casamento foi de cerca de 34 anos, tanto para homens quanto para mulheres.
Enquanto houve menos casamentos em 2016, mais pessoas se divorciaram nesse mesmo ano: foram concedidas mais de 344 mil separações, o que representa um aumento de 4,7% em relação a 2015, quando houve quase 329 mil divórcios.
Em média, o homem se divorcia mais velho que a mulher, com 43 anos dele contra 40 dela. A duração média de um casamento no Brasil, levando em conta o tempo entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio, é de 15 anos.
Mortes aumentam
Segundo o IBGE, também houve um aumento significativo no número de óbitos nos últimos dez anos. O crescimento entre 2006 e 2016 foi de 24,7%, passando de 1,02 milhão de mortes para 1,27 milhão, considerando os registros com informações de sexo e idade da pessoa falecida.
Enquanto houve queda nos óbitos entre pessoas de idades mais baixas, foram observados aumentos importantes para as idades acima de 50 anos, resultado do envelhecimento populacional.
Em 1976, 27,8% das mortes ocorreram entre bebês menores de um ano, enquanto 34,7%, entre crianças com menos de cinco anos. Em 2016, esses índices passaram a ser de 2,4% e 2,9%, respectivamente.
Por outro lado, nesses mesmos 40 anos, cresceu a porcentagem de mortes entre pessoas com mais de 65 anos: elas representavam 34,7% dos óbitos em 1976, e agora representam 58,5%.
EK/abr/lusa/ots
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