Número recorde de migrantes cruzou Mediterrâneo em outubro
2 de novembro de 2015O número recorde de 218.394 pessoas cruzou o Mar Mediterrâneo em busca de refúgio na Europa somente em outubro deste ano, disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta segunda-feira (02/11).
"Foi o maior número registrado num mês até o momento e quase o mesmo que o total de 2014", disse Adrian Edwards, porta-voz do Acnur.
Dados da ONU apontam que apenas 8 mil dos migrantes que chegaram ao continente em outubro não aportaram na Grécia.
Outro porta-voz do Acnur, William Spindler, afirmou que refugiados disseram recentemente a funcionários da agência da ONU que temem que a política de imigração da Alemanha fique mais restrita em breve e, por isso, estão correndo para a Europa. Spindler afirmou que muitos também estão enfrentando a perigosa travessia marítima antes que as condições climáticas piorem ainda mais nos meses de inverno.
O total registrado em outubro superou o recorde anterior, de setembro, quando 178.800 migrantes se aventuraram na jornada do norte da África e da Turquia para Grécia e Itália.
Incluindo o novo recorde, mais de 744 mil refugiados chegaram à Europa neste ano pelo Mediterrâneo. Mais de metade deles veio da Síria, abalada por uma guerra civil desde 2011. Cerca de 4 milhões de sírios fugiram do país, a maioria para países vizinhos, como Turquia, Líbano e Jordânia. Cidadãos do Afeganistão e da Eritreia são a segunda e terceira nacionalidades mais frequentes, respectivamente.
Com mais pessoas tentando atravessar o Mediterrâneo em barcos de traficantes lotados, afundamentos se tornaram quase um evento diário. A guarda costeira da Grécia disse nesta segunda-feira que mais de 1,4 mil migrantes foram resgatados no Mar Egeu em 39 operações em três dias. Ao menos 19 pessoas morreram no mesmo período durante a curta, porém perigosa travessia a partir da Turquia.
A ilha grega de Lesbos, um dos principais pontos de chegada de refugiados, está ficando sem espaço para enterrar os corpos dos que morrem no trajeto. O prefeito da ilha, Spyros Galinos, disse a uma emissora de rádio nesta segunda-feira que mais de 50 corpos estavam aguardando no necrotério enquanto se buscava um local para enterrá-los.
LPF/rtr/dpa/afp/ap