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O auge da Terceira Idade

mw1 de outubro de 2003

Milagre econômico do pós-guerra e avanços nas áreas de saúde e Previdência alteraram a velhice na Alemanha nas últimas décadas. Nunca houve e talvez nem haverá Terceira Idade tão rica quanto a atual.

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Foto: Bilderbox

Ficar velho e aposentar-se já significou queda drástica nos rendimentos e definhamento da saúde, ou seja, um estorvo para a família, a sociedade e o Estado. Atualmente, os idosos acima de 60 anos representam 24,4% da população alemã, gozam de boa saúde física e financeira e assim curtem uma nova etapa de vida, a Terceira Idade.

Complicações na saúde só aos 85 anos

Os dados divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis), por ocasião do Dia Mundial do Idoso, neste 1º de outubro, confirmam o quadro. As melhorias no campo da saúde e medicina aumentaram a expectativa de vida. Em média os velhinhos começam a ter dificuldades em cuidar da própria vida a partir dos 85 anos. Em 2001, somente 5% das pessoas com 70 a 75 anos careciam de assistência permanente, enquanto esta fatia subia para 40% entre aqueles de 85 a 90 anos.

Altenpflege Essen auf Rädern
Assistência domiciliar a idososFoto: BilderBox

Como na Alemanha existe o seguro enfermagem obrigatório (Pfegeversicherung), que dá direito a assistência domiciliar em casos de pessoas em estado de saúde precário, 70% dos necessitados de ajuda vivem em suas casas ou com familiares. A parcela daqueles internados em asilos cresce com a idade. De 23% entre 70 e 75 anos para 39% entre 85 e 90 anos.

Os hospitais, por sua vez, têm sua maior parcela de pacientes na faixa etária de 80 a 90 anos. Para cada 10 mil habitantes nesta idade, 5800 estiveram internados no ano 2000, ou seja, mais da metade. As altas hospitalares para idosos a partir dos 60 anos eqüivalem a 44% do total. Doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca e catarata são os principais diagnósticos.

A vida privada continua, até nas universidades

Com mais saúde e dinheiro no bolso do que as gerações anteriores, a Terceira Idade do início deste século 21 tem outros hábitos. De acordo com um microcenso de abril de 2002, mesmo depois dos 65 anos, 51% dos 14,5 milhões de idosos que não foram para asilos seguem morando com o cônjuge e 36% sozinhos. Somente 9% residem com filhos solteiros ou netos e apenas 2% numa "grande família", ou seja, três gerações num único imóvel. Em 1974, estes dois últimos índices chegavam a 14% e 7%.

Senioren im Fitness Studio mit Thumbnail
Mantendo a formaFoto: Bilderbox

Os velhinhos estão também mais ativos. Enquanto a saúde lhes permite, gastam suas aposentadorias em viagens de turismo, restaurantes e outras atividades de lazer. Muitos clubes e associações não sobreviveriam sem seu engajamento. Mas eles investem também em si mesmos. Cada vez mais eles freqüentam academias de ginástica e universidades, mesmo que apenas como ouvintes e sem necessidade de comprovar conhecimentos básicos para matricular-se.

Nos últimos dez anos, o número de ouvintes com mais de 60 anos passou de 6,6 mil para quase 17,5 mil (+164%) nas escolas superiores. Em 1992, os idosos representavam menos de 20% dos ouvintes, hoje eles são mais de 42%. No segundo semestre de 2002, 6500 estudantes matriculados nas instituições de ensino superior tinham mais de 60 anos, o que equivale a 0,3% do total.

Apoio financeiro a filhos e netos

"Velhice não significa mais dependência de ajuda, nem déficit nas contas. Velhice também representa hoje dispor de muitos recursos", afirma Jürgen Gohde, presidente da Obra Diaconal da Alemanha. O gerontologista e professor Andreas Kruse destaca que, na sociedade atual, não existe mão única das novas gerações financiando os aposentados. Muitos destes contribuem financeiramente para o sustento de filhos e netos.

"Temos um fluxo para baixo, das gerações mais velhas apoiando as mais novas. E não é insignificante. E, em média, as gerações mais velhas são mais abastadas do que qualquer outra do passado. Alguns cientistas econômicos dizem que até mesmo mais que qualquer outra no futuro", afirma Kruse, que pesquisou a vida de pessoas acima de 70 anos em Berlim.

Abastança corre sério risco

Familie unter einem Baum
Média de filhos na Alemanha é 1,3 por mulherFoto: Bilderbox

Os futuros aposentados de fato correm o risco de viverem em condições financeiras bem mais limitadas. O envelhecimento da população alemã colocou o sistema de seguridade social em xeque. Além do aumento da expectativa de vida na velhice, os alemães são quase campeões mundiais em baixa taxa de natalidade: apenas 1,3 filho por mulher, sendo que elas tornam-se mães em média aos 30 anos.

De acordo com o Departamento Federal de Estatísticas, os idosos acima de 60 anos representavam 20,3% da população da Alemanha em 1992. Dez anos depois, eram 24,4%. As projeções apontam uma evolução para 34,4% em 2030 e 36,7% em 2050. Diante destes dados, o Destatis faz a seguinte projeção: se hoje há 40 aposentados para cada 100 pessoas economicamente ativas, no ano 2050 haverá 80. Impossível manter as mesmas regras de financiamento da Previdência. Não à toa sua reforma está na ordem do dia.