O Brasil na imprensa alemã (09/06)
9 de junho de 2021FAZ – A voz do povo (07/06)
A Copa América pode ser outro marco na carreira de Tite, pois há sinais crescentes de uma revolta conjunta da seleção e do treinador contra a participação da equipe no campeonato sul-americano, que foi transferido para o Brasil, onde existe a presença de variantes do coronavírus, após os anfitriões Argentina e Colômbia anunciarem que não seriam mais sedes.
A seleção planeja ficar calada até a partida de terça-feira à noite [8 de junho, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar]. "Queremos expressar nossa opinião depois do jogo contra o Paraguai. Não sou só eu, não são os jogadores da Europa. São todos os jogadores, com o Tite. Todos juntos", disse o capitão Casemiro, do Real Madrid, após o jogo contra o Equador [em 4 de junho]. Anteriormente, ele se manteve afastado da coletiva de imprensa antes da partida para evitar comentários. Uma vitória em Assunção dará ao Brasil o máximo de 18 pontos em seis jogos, e Tite e sua equipe terão feito seu dever de casa.
Enquanto isso, está se tornando cada vez mais evidente que existe uma profunda divisão entre jogadores e técnicos, de um lado, e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de outro. O presidente da CBF, Rogério Caboclo, em particular, está sentindo a ira dos jogadores que, à luz da pandemia de coronavírus, acreditam que tal torneio enviaria um sinal errado neste momento para o Brasil. Ele havia unido forças com o presidente populista de direita Jair Bolsonaro e a Conmebol para trazer a Copa América ao país. A CBF e a Conmebol se defendem contra a acusação de que a decisão só serve para garantir o dinheiro referente aos direitos de transmissão.
Mas não há argumentos para justificar o torneio neste momento, já que o Brasil continua registrando mais de 60 mil novas infecções e quase 2 mil mortes por dia. É outra questão inteiramente diferente o que aconteceria, entretanto, se toda a seleção anunciasse um boicote à Copa América depois do jogo contra o Paraguai e realmente ficasse longe do torneio. Isso abriria um precedente.
FAZ – Raio de esperança no Brasil (05/06)
Paulo Guedes tem tido poucos motivos para rir nos últimos meses. A pandemia frustrou os planos do ministro da Economia brasileiro. As reformas importantes estão em espera, as privatizações são controversas e a recuperação emergente foi abafada no início de 2020. Guedes parecia ainda mais confiante quando proferiu seu discurso no Fórum de Investimentos Brasil há alguns dias. O evento anual da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) serve de palco para atrair investidores internacionais. E a estes, Guedes falou nas mais belas cores.
A caixa de cores de Guedes havia sido preenchida a tempo para o evento com os últimos dados econômicos. Os números podem ter surpreendido alguns analistas – e talvez o próprio governo. Apesar da segunda onda da pandemia nos primeiros meses do ano – segundo a Universidade Johns Hopkins, houve quase 17 milhões de infecções por coronavírus e quase meio milhão de mortes no Brasil –, a economia brasileira cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior. As previsões eram significativamente menores e já foram revisadas para cima para o ano corrente: 4% a 5% em comparação ao ano anterior. O Brasil está se recuperando em "V", observou Guedes. "Todas as previsões estavam erradas. O Brasil vai surpreender novamente", disse ele. O mercado acionário reagiu com a notícia.
Apesar do crescimento surpreendente, os economistas continuam céticos sobre a recuperação. Um olhar mais atento revela que o Brasil está se beneficiando mais uma vez do setor agrícola. Há poucos sinais do clima de prosperidade visto no Fórum e nos mercados entre os grandes grupos da população. Muitos apenas sobrevivem, o consumo das famílias brasileiras continua caindo, a inflação aumentou e a situação do mercado de trabalho continua ruim. O setor de serviços, que é tão importante para o Brasil é um motivo de preocupação e continua fragilizado.
FAZ – Maré baixa e maldição (05/06)
A orla fluvial da metrópole amazônica Manaus está há dias debaixo d'água, e muitas pessoas tiveram que deixar temporariamente suas casas. As inundações também ocorrem em outras áreas do Amazonas. No total, mais de 450 mil pessoas foram afetadas. Nesta semana, o Rio Negro atingiu seu nível mais alto desde o início das medições, em 1902. Embora agora se presuma que as chuvas excepcionalmente fortes vão diminuir, deve demorar semanas até que o nível da água volte a cair.
As enchentes na região amazônica aumentaram nos últimos anos. Ao mesmo tempo, houve repetidos períodos de seca prolongada, por exemplo, em 2010, quando o Rio Negro registrou seu nível mais baixo desde o início das medições. Os pesquisadores atribuem essas fortes flutuações às mudanças climáticas. A precipitação na Amazônia depende dos ventos que carregam enormes massas de ar úmido do Atlântico para o continente. O leve aumento da temperatura da água no Atlântico Sul, como resultado da mudança climática, desequilibrou o clima. Enquanto mais tornados estão ocorrendo no Caribe, as chuvas se tornaram mais irregulares na América do Sul. Em algumas regiões, as estações chuvosas também diminuíram.
A Amazônia não é a única região afetada por esses extremos climáticos mais frequentes. Enquanto Manaus está lutando contra as inundações, outras regiões do Brasil estão sofrendo com a seca prolongada. No centro e sul do país, as chuvas foram muito escassas durante a estação chuvosa passada, o que agora é claramente perceptível com o início da estação seca. Não somente a natureza e a agricultura são afetadas, mas também o setor energético.