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O Brasil na imprensa alemã (18/04)

18 de abril de 2018

A divisão político-partidária na sociedade brasileira em torno do combate à corrupção e da prisão do ex-presidente Lula dá o tom no noticiário sobre o Brasil na semana que passou.

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Brasilien | Gegener von Ex-Präsident Lula demonstrieren in Curitiba
Protesto contra o ex-presidente Lula na sede da Polícia Federal em CuritibaFoto: Reuters/R. Moraes

Die Zeit – Santo do caixa dois – 11/04/2018

Moro e vários promotores não escondem o fato de que eles próprios tendem a se inclinar para o campo político conservador. Assim se torna desagradável perceber que eles mirem poucos políticos conservadores – embora as provas entre estes sejam, em parte, consideravelmente mais numerosas. São contas para lavagem de dinheiro, malas em quartos de hotel e conversas telefônicas gravadas em que são debatidos planos de suborno e de obstrução da justiça. Já contra Lula, Moro não tem tanto em mãos. O suposto presente que o colocou atrás das grades é um apartamento em uma praia de terceira categoria. Lula nunca morou lá, não há provas documentais de propriedade do apartamento, e Moro deixou em aberto qual a contrapartida que o ex-presidente teria fornecido por ele.

"Rouba mas faz" é outro princípio na cultura da corrupção brasileira que o juiz Moro odeia particularmente. Aos olhos de muitos brasileiros, o slogan vale para Lula. Eles ainda se lembram dele como o excepcionalmente bem-sucedido presidente de um milagre econômico. Para seus fãs, a questão da corrupção parece secundária, mas os adversários de Lula veem isso de forma diferente. Assim, o debate público sobre o combate à corrupção, que Moro sempre quis provocar, tornou-se um assunto quase exclusivamente político-partidário.

Die Zeit  O Mecanismo, a série que divide o Brasil – 13/04/2018

As frentes são claras: a esquerda do Brasil acusa a Netflix e Padilha de terem criado uma obra de propaganda contra Lula e o PT. Ela convoca um boicote à Netflix, assinaturas são encerradas, ações judiciais são ameaçadas.

Tudo se inflama na frase que o Lula da série pronuncia: "Temos que estancar a sangria". O problema é que o verdadeiro Lula nunca disse isso. A citação é conhecida pelos brasileiros a partir de um contexto completamente diferente: a partir da gravação de uma conversa do senador Romero Jucá em 2016. O influente político revela nela que a presidente Dilma Rousseff, do PT, deve ser deposta. Poucos meses depois, Dilma é afastada em um procedimento duvidoso, e o vice-presidente Michel Temer assume o poder, um colega de partido e confidente próximo de Jucá.

Então, é uma falta de vergonha usar exatamente essa frase-chave do golpe contra Rousseff para ilustrar a suposta degeneração de Lula. É como se, num filme sobre a reunificação alemã, se colocasse as palavras de Erich Honecker, "o muro permanecerá", na boca de Oskar Lafontaine. E se justificasse isso com a liberdade artística.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Sem substituto à vista – 18/04/2018

O destino de Lula é decisivo para o ano eleitoral brasileiro. As últimas pesquisas mostram por quê: o ex-presidente ainda está na liderança, apesar de sua prisão. Trinta e um por cento dos entrevistados disseram que dariam seu voto ao político condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, enquanto outros potenciais candidatos do PT não excedem os 2%.

As pesquisas mostram como o Brasil está dividido. A esquerda fala de uma conspiração das elites de direita.

Enquanto isso, ganha em aceitação a tese que vê Lula como uma vítima dos benefícios que proporcionou aos pobres, por causa dos quais Lula teria sido condenado – e não por causa da corrupção descontrolada durante seu tempo de governo. Já a direita considera a esquerda e, portanto, Lula, única responsável pela crise econômica e política do país.

MD/ots

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