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O Brasil na imprensa alemã (18/07)

18 de julho de 2018

A situação de tribos indígenas afetadas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, a crítica ao mais recente romance do brasileiro Daniel Galera lançado na Alemanha e a crise brasileira são destaques da semana.

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Visão aérea da hidrelétrica de Belo Monte na bacia do Rio Xingu
Hidrelétrica de Belo Monte na bacia do Rio XinguFoto: DW/N. Pontes

Süddeutsche Zeitung – A queda, 14/07/2018

Lá está ele, o chefe dos Juruna, na terra que tem sido sua há séculos, Terra Indígena Paquicamba, 4.384 hectares. Ele veste calça de moletom, chinelos e uma camisa do Flamengo, o clube de futebol mais popular do Brasil.

É o melhor que os brancos já trouxeram, TV, futebol, Flamengo.

A pior coisa que eles trouxeram é a barragem: Belo Monte.

Eles lutam já há uma eternidade contra o que chamam de "Belo Monstro", a represa que ameaça seu mundo desde meados da década de 70. Naquela época, a ditadura militar brasileira queria inundar 2 mil quilômetros quadrados da Amazônia, seis barragens, era pura megalomania. Os índios tomaram reféns, ocuparam canteiros de obras, remaram em suas canoas contra a megalomania e atiraram com suas flechas de madeira em helicópteros de aço. Eles vieram da floresta, seus corpos eram pintados com cores terrosas, em torno de seus pescoços estavam pendurados colares de cascas de sementes, em suas cabeças, eles usavam penas de aves que nenhum dos políticos que decidiram acabar com tudo isso conhecia.

(…)

Dezenas de milhares de hectares foram desmatados e dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas para a construção da quarta maior usina hidrelétrica do mundo, a menos de 50 quilômetros de distância. Mas eles tiveram que protestar por anos até que uma linha de energia fosse construída para eles, uma conexão ruim que entra constantemente em colapso. Mas a conta de luz chega com regularidade: entre 20 e 30 euros por mês – para a aldeia. Mas a pior parte é: eles não são mais uma comunidade. A empresa operadora, com seus presentes e dinheiro, conseguiu fazer com que a tribo se dividisse em inúmeras pequenas tribos. Também a aldeia dos Juruna foi dividida.

Der Tagesspiegel – Raiva do desespero, 11/07/2018

Em episódios, os três protagonistas de Meia-noite e vinte dão uma visão do Brasil pós-milênio. Durante a leitura, é preciso relevar, por vezes, o aspecto caricaturesco dos personagens. Daniel Galera, que é considerado uma voz importante da nova literatura brasileira, comprova, em seu quinto romance, sobretudo sua habilidade na criação de atmosferas. Ele capta o clima nas cidades brasileiras, que parecem prestes a explodir. O romance é permeado pela sensação de um apocalipse iminente.

(…)

Não livre de estereótipos, Meia-noite e vinte retrata o absurdo de uma vida influenciada pela realidade virtual e sexting. A qualidade do romance não reside tanto nas caracterizações dos personagens, mas Galera retrata o ânimo de uma geração desiludida, acostumada com atitudes e opiniões de curta vida útil.

Hessische/Niedersächsische Allgemeine - Crise sem fim 12/07/2018

"Os dois anos de governo Temer mostraram uma clara reação contrária ao período de Dilma Rousseff e seu antecessor, Lula", diz Sérgio Costa, professor de sociologia na Universidade Livre de Berlim. Temer restringiu o programa de ajuda social Bolsa Família, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre janeiro e julho de 2017, mais de 1,2 milhão de famílias foram excluídas dessa ajuda adicional. Além disso, os gastos sociais do Estado foram congelados por 20 anos. "Para os pobres e aqueles que trabalham no setor de baixos salários, as condições pioraram", diz Costa. Em abril, o número de desempregados era de 13,7 milhões. No total, o país tem 209 milhões de habitantes.

Claudia Zilla, diretora do grupo de pesquisa América do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança, não vê Temer como único culpado pela pobreza crescente e as baixas taxas de crescimento econômico. "Os brasileiros sentem hoje os efeitos de decisões tomadas ou não tomadas há vários anos." O Estado já gastava descontroladamente sob Rousseff e Lula.

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