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O Brasil na imprensa alemã (21/12)

21 de dezembro de 2022

Jornais da Alemanha abordam por que o Pix se tornou um dos meios favoritos de pagamento, a diminuição da safra de açúcar no Brasil e seu reflexo na Europa, bem como uma empresa europeia que importa açaí do Pará.

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Consumidoras saem de loja em São Paulo
Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images

Handelsblatt – O dinheiro vivo está sumindo no Brasil (19/12)

Em setembro de 2020, o Banco Central do Brasil lançou sua mais recente nota de 200 reais. Devido ao aumento do auxílio social [à população] durante a pandemia, os bancos centrais esperavam que as transações em dinheiro crescessem rapidamente. Mas as coisas aconteceram de maneira diferente: até hoje, quase ninguém no Brasil segurou a nota com o lobo-guará. E não é porque a cédula, que vale o equivalente a quase 40 dólares, tem um valor muito alto, mas porque os brasileiros estão usando cada vez menos dinheiro vivo. Quem quer pagar uma cerveja, uma corrida de táxi ou um corte de cabelo em dinheiro vivo, hoje em dia, costuma ouvir: "Você não tem Pix?"

[...] O Pix foi muito bem-sucedido desde seu início. Somente no primeiro ano, o uso de dinheiro vivo caiu 10%. Em 2014, os brasileiros ainda faziam 40% de seus pagamentos em dinheiro. O rápido sucesso do Pix também se deve à facilidade de uso. [...] O sistema funciona em tempo real, 24 horas por dia, durante todo o ano, mesmo em feriados e domingos. O uso é gratuito para usuários privados, e as empresas pagam uma fração em comparação com o que os bancos ou operadoras de cartão de crédito cobram.

Apenas dois anos após o lançamento, 140 milhões de usuários privados se cadastraram, além de 11,4 milhões de empresas, o que representa mais da metade dos usuários comerciais – desde pequenas empresas a multinacionais. [...]

Outra razão pela qual o Pix se estabeleceu tão rapidamente é devido à cobertura de internet e densidade de celulares no país. Há mais smartphones no Brasil do que seus 215 milhões de habitantes. [...] Como em muitos outros mercados emergentes, a parcela da economia informal é alta: 40% das pessoas trabalham sem carteira assinada, e alguns deles são pagos por dia de trabalho. O Pix, portanto, serve principalmente para transferências de pequenos valores, mesmo que sejam o equivalente a apenas alguns dólares.

O momento do lançamento do Pix foi perfeito: o Brasil, como todos os países do mundo, foi apanhado pela pandemia – e as compras pela internet aumentaram rapidamente. [...] A alta taxa de criminalidade também ajudou o Pix a começar com sucesso, porque dinheiro vivo no Brasil é sinônimo de risco: assaltos em caixas eletrônicos e ônibus em dias de pagamento são um problema. Mas o Pix reduziu o risco do uso de dinheiro vivo e, com ele, o custo da circulação do dinheiro. [...]

Die Welt – Por que o açúcar ficou mais caro? (14/12)

A alta de preços nos supermercados já faz parte do cotidiano há meses, mas agora um produto se destaca: o açúcar teve um aumento rápido. De acordo com o Departamento Federal de Estatística da Alemanha, ele está 55% mais caro do que no ano passado. Um quilo de açúcar da "Ja!", uma marca própria do [supermercado alemão] Rewe, custa atualmente 1,49 euro. [...]

O açúcar é uma commodity comercializada em todo o mundo. No entanto, o preço está subindo particularmente na Europa. [...] Os especuladores influenciam o preço no curto prazo, mas há também uma escassez real por trás disso. Por um lado, as safras estão diminuindo no Brasil, país de importância global para o açúcar, e no mercado europeu. Por outro lado, o Brasil está usando cada vez mais o açúcar como combustível [para produzir etanol], tendo em vista os altos preços de energia. Um porta-voz da [empresa alemã] Südzucker aponta para o déficit de três anos no mercado global de açúcar.

Mas os preços nas lojas só são alterados com atraso: às vezes, produtos agrícolas demoram seis meses para serem reajustados. Os aumentos de preços são geralmente resultado de contratos que expiraram junto a varejistas, afirma um porta-voz da [empresa alemã] Nordzucker. As reduções de preços inicialmente não estão à vista. [...] A Europa tradicionalmente usa a beterraba para produzir açúcar, já que a cana-de-açúcar não cresce na Europa devido ao clima frio, com exceção da ilha portuguesa da Madeira. As últimas colheitas europeias mostraram que a agricultura moderna ainda depende da natureza. [...]

Handelsblatt – Salvando a floresta tropical com açaí (19/12)

Albana Rama se tornou fundadora de empresa mais por acaso. Depois de vários anos no setor financeiro, ela se viu numa crise pessoal. E uma aventura na floresta tropical brasileira deveria tirá-la "de sua zona de conforto", como ela diz, e dar-lhe novos pensamentos.

Mas lá ela conheceu um mundo que mudou sua vida: Rama viveu com agricultores por três semanas e ajudou na colheita do açaí, que é um importante meio de subsistência na região do Pará. "Eu entendi ali que a floresta tropical estava sendo derrubada, porque essa era a única maneira de as pessoas sobreviverem", conta Rama.

De volta à sua terra natal, a Suíça, a jovem – agora com 38 anos – largou seu emprego e fundou a The Rainforest Company (TRC). Seu objetivo era contribuir para a proteção da floresta tropical e de seus habitantes através do comércio justo. Ela queria ajudar a "dar à população local uma base financeira que, ao mesmo tempo, lhes permitisse proteger sua terra", afirma.

O cerne do negócio é o açaí, considerado um superalimento na Europa por seu alto teor de nutrientes e vitaminas. Na floresta tropical brasileira, é uma matéria-prima que pode ser colhida em grandes quantidades. "Essa é a matéria-prima mais importante para os agricultores", explica Rama. "Era muito adequado fazer um modelo de negócios para comercializar o açaí."

Ela importa o produto diretamente dos agricultores e lhes paga um valor 30% acima do preço médio de mercado. Isso não só permite aos agricultores proteger as árvores, mas eles já plantaram mais de 2,5 milhões de novas árvores. Até agora, ela transforma as bagas de açaí em 25 produtos diferentes, que são vendidos em mais de 12 mil lojas, incluindo varejistas [alemães] como Rewe e Edeka. [...]