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O celular guardião

(ms)11 de janeiro de 2004

Onde está meu filho? Com o intuito de minimizar a preocupação dos pais, uma firma alemã desenvolveu um serviço de localização através do celular. Críticos acusam de controle exagerado.

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Onde você está?Foto: AP

A criança saiu para brincar e ainda não voltou para casa. O jovem foi curtir um barzinho e não cumpriu o horário estipulado para o regresso. Basta um pequeno atraso para que os pais fiquem apreensivos, quando não entram logo em pânico imaginando um seqüestro ou algo pior.

Para quem faz o uso do Track your Kid, desenvolvido pela firma alemã Armex e oferecido por quatro companhias de telefonia móvel, E-Plus, O2, T-Mobile e Vodafone, este tipo de preocupação é coisa do passado. Com o uso do sistema de mensagem de texto de seus celulares ou da internet, a localização do celular da criança ocorre em pouco tempo, na maioria das vezes em questão de segundos e com um erro de precisão de no máximo 250 metros.

Sossego para os pais

Mas, se a criança está com o celular, não é mais fácil ligar e perguntar onde ela se encontra do que fazer uso de tal vigilância? De acordo com a Armex, tal controle evita discussões familiares, já que a inquietação dos pais na maioria das vezes não é compreendida pelos filhos. Com o serviço de localização, os pais ficam informados sobre o paradeiro do jovem sem que ele precise ficar dando satisfações pelo celular na presença dos amigos.

O serviço, que abrange todo o território alemão e já conta com bem mais de mil clientes, serve única e exclusivamente para localizar crianças e jovens com idades entre 5 e 17 anos e tranqüilizar os pais. E só. Não há garantia de que o serviço proteja seus usuários de seqüestros ou atos de violência, por exemplo.

Proteção enganosa

Apesar das boas intenções propagadas pela empresa, a socióloga Paula Honkanen-Schobert, diretora da Liga Alemã de Proteção à Criança da região de Aachen, classificou o serviço de “uma proteção enganosa”, justamente por não haver garantia nenhuma da real eficiência em saber o paradeiro do jovem.

A socióloga até compreende o medo dos pais, especialmente com o que anda acontecendo por aí, mas considera o controle via celular um exagero. “Onde vamos parar se continuarmos vigiando os passos uns dos outros?” questionou indignada.

Mais inovações

A despeito das discussões éticas sobre o celular localizador, outras empresas descobriram o filão e oferecem serviços semelhantes. Como a firma Mobiloco, de Hamburgo, que anda angariando novos clientes com o sistema Find your Friend. Pagando uma taxa de 2,99 euros por mês, um grupo de amigos pode formar uma rede de localização. Através do sistema de mensagem de texto, um fica sabendo do paradeiro do outro.

Mais uma vez, a pergunta: por que não ligar? “No caso é apenas para saber onde o amigo está no momento, se vale a pena marcar um encontro de última hora. Se ele estiver por perto, as chances de um encontro são grandes”, justifica Bernd Janke, da Mobiloco. Mas, isso não é uma bobagem? “Como quiser. Nosso serviço é usado pelos jovens que, aliás, são o nosso público alvo.”