O Festival de Cinema de Berlim
Mais uma vez, a partir desta quinta-feira, quase tudo passar a girar em torno do cinema na capital alemã. Em fotos, as estrelas de hoje e do passado, salas de cinema e os protagonistas do festival.
Abram-se as cortinas
O Festival de Cinema de Berlim (Berlinale), o maior do mundo em termos de público, abre novamente as suas portas. Mais de 400 novos filmes serão exibidos em cerca de mil sessões, espalhadas por todas as partes da cidade. É um festival de dez dias para especialistas e profissionais, mas também para o público em geral.
Filme de abertura
O novo filme do texano Wes Anderson "Grand Hotel Budapest" vai abrir a 64ª edição do festival. Ele trata de acontecimentos miraculosos num antigo hotel europeu entre as duas guerras mundiais. A trama gira em torno das aventuras do zelador do hotel Gustave, interpretado por Ralph Fiennes (à direita na foto), e seus hóspedes excêntricos.
Presença brasileira
Neste ano, o Brasil está bem representado em Berlim: "Praia do Futuro", filme de Karim Aïnouz (foto) estrelado por Wagner Moura, concorre ao Urso de Ouro. Na Panorama, principal mostra paralela da Berlinale, os diretores Marcelo Gomes e Cao Guimarães concorrem com "O homem das multidões". E o cineasta Daniel Ribeiro participa com o filme "Hoje eu quero voltar sozinho".
Forte participação alemã
É marcante também o grande número de produções alemãs na disputa pelos Ursos de Ouro e de Prata. O filme de Feo Aladag "Zwischen Welten" está sendo aguardado ansiosamente. A diretora conta a história de um soldado alemão (Roland Zehrfeld) que, ao participar da missão da Otan no Afeganistão (Isaf), se depara com dois mundos e com os dilemas entre as ordens de superiores e a sua consciência.
O cinema e o roubo de obras de arte
O novo filme de George Clooney deve suscitar grande interesse. Em "Os caçadores de obras-primas", o diretor e a estrela do filme (aqui ao lado de Matt Damon) revela o trabalho perigoso de uma unidade especial no fim da Segunda Guerra, que procurava as obras de arte roubadas pelos nazistas. O filme foi rodado nos estúdios de Babelsberg, nos arredores de Berlim, e na região alemã do Harz.
Jovem cinema local
Exceto na competição, o cinema alemão possui um segundo fórum na Berlinale. Na seção Perspectivas do Cinema Alemão, será mostrado, entre outros, o documentário "Amma & Appa". A dupla de cineastas Franziska Schönenberger e Jayakrishnan Subramanian retrata aqui o amor entre uma mulher da Bavária e um homem do sul da Índia, mostrando os possíveis encontros culturais que surgem a partir daí.
Escândalo de Lars Von Trier
O novo filme do diretor dinamarquês Lars von Trier deve ser mais uma vez motivo de polêmica. Em "Ninfomaníaca", uma mulher viciada em sexo conta a história de sua vida. Em Berlim, pela primeira vez, será mostrada a versão sem cortes do filme. O filme estreou mundialmente há algumas semanas em Copenhague, mas sem as cenas mais fortes.
Senhor dos filmes
Como nos anos anteriores, em 2014, Dieter Kosslick continuará à frente do Festival. Antes do início da Berlinale, ele havia chamado a atenção para os muitos filmes políticos e socialmente críticos nesta edição do Festival de Berlim. Isso já é tradição no festival de cinema na capital alemã. "A Berlinale não é nenhum festival de comédia", disse Kosslick.
Olhando para outros continentes
Também na seção Fórum, os visitantes só encontrarão algumas poucas comédias, mas dificilmente em formatos convencionais. Nela, são mostrados documentários, filmes experimentais e ensaísticos. Não raro, os diretores voltam sua atenção para países distantes, como o cineasta belga Peter Krüger, que mostra um quadro complexo da África em "N – The Madness of Reason".
Panorama político
Também a seção Panorama oferece a oportunidade de ver o cinema de várias regiões do mundo. Aqui são exibidos principalmente filmes que lidam criticamente com as condições de seus respectivos países de origem. Um exemplo é o filme iraniano "Asabani Nistam!" de Reza Dormishian, que mostra o sentimento das pessoas após a suposta fraude nas eleições de2009.
Para o público mais jovem
Já há vários anos, o Festival de Berlim também se dedica a um público mais jovem. Na seção Geração podem ser vistos filmes que relatam as histórias de crianças e adolescentes – longe do romantismo globalizado da Disney. Em "3 Histoires d'Indiens", do diretor Robert Morin, trata-se de histórias de jovens nas reservas indígenas do norte do Canadá.
Salas de cinema
A Berlinale deve a reputação de maior festival do mundo em termos de público também à seleção das salas de exibição. Após anos de reforma, o Zoopalast voltou ao rol das salas de festivais. Ali se encontrava a central da Berlinale até ela se mudar para a Potsdamer Platz no ano 2000. Agora, com suas sete salas, o prédio tombado pelo Patrimônio Histórico volta a ser parte do festival.
Luz e sombra
Na seção Retrospectiva 2014, a Berlim trata este ano da importância da iluminação no cinema. Em "Estética das sombras, iluminação cinematográfica 1915-1940", estão sendo mostrados 40 exemplos da história do cinema nos quais a luz natural e a iluminação artificial desempenham um importante papel. Também poderá ser visto o clássico do cineasta francês Jean Cocteau "A bela e a fera".
Tesouro restaurado
Um dos destaques da Berlinale deverá ser a reexibição de um filme mudo alemão dos anos 1920. "O gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene, é considerado um exemplo excelente do expressionismo no cinema como também um marco do cinema. Ele foi extensivamente restaurado e será mostrado na Filarmônica de Berlim, com uma nova trilha sonora composta pelo músico de jazz americano John Zorn.
Urso de Honra para Ken Loach
Antes mesmo do final do festival, um diretor já pode se alegar com seu prêmio: o britânico Ken Loach. Conhecido por seus filmes engajados e de crítica social, o diretor britânico vai receber o Urso de Ouro de Honra por sua obra no dia 13 de fevereiro. Segundo a Berlinale, em seu trabalho, Loach expressa sempre um profundo interesse pelos seres humanos e seus destinos.