Beethoven 2008
29 de agosto de 2008Difícil imaginar uma obra que se encaixe melhor do que a Nona sinfonia de Beethoven num festival cujo slogan é Poder.Música (Macht.Musik). Prova disso é que ela consta duas vezes no programa do Beethovenfest. Logo na abertura do evento, a Nona será executada pela Kammerphilharmonie de Bremen, sob a batuta do maestro estoniano Paavo Järvi.
Duas semanas mais tarde será a vez da Orquestra Nacional da França, regida por seu titular, o veterano Kurt Masur. Estes, aliás, apresentarão a integral das sinfonias beethovenianas, um indiscutível ponto máximo do Festival Beethoven 2008 em Bonn.
Desfile de grandes nomes
A diretora do evento, Ilona Schmiel, enumera alguns de seus favoritos. "Fico especialmente feliz que o último concerto da Filarmônica de Nova York, antes de Lorin Maazel entregar seu posto de maestro titular, vá ser aqui em Bonn. E estou ansiosa para ouvir András Schiff com sua Cappella Barca. Temos a Sinfônica de Londres, conectando assim com 2007."
No ano anterior, o tema do festival foi justamente a conexão entre o compositor natural de Bonn e a Grã-Bretanha, mas a lista de grandes intérpretes não pára por aí. Os concertos realizados entre 29 de agosto e 28 de setembro incluem o regente Riccardo Chailly, os pianistas Alfredo Perl e Lilya Zilberstein, a jovem violoncelista Sol Gabetta e o versátil percussionista Martin Grubinger, entre muitos outros.
Elixir da vida em campo de concentração
O violinista inglês Daniel Hope concebeu um programa que aborda o deplorável capítulo da Alemanha sob a ditadura nazista. Como lembra Schmiel, o palco do concerto – o antigo reservatório de água da cidade, sede do Parlamento alemão antes da mudança para Berlim – não é uma locação qualquer.
"Um lugar profundamente político, onde nos dedicaremos a compositores que foram internados [e morreram] em Theresienstadt, Gideon Klein, mas também a Viktor Ullmann, entre outros. Daniel Hope descobriu essa música para si, encontrou um novo formato para apresentá-la. Ele compilou textos desse campo de concentração e mostra o grau de esperança a que o ato de fazer música estava ligado naquele momento, mostra como a música pode ser um elixir da vida."
Look at Beethoven
Mais de 60 concertos exploram uma palheta que – ao lado das obras de Ludwig van Beethoven e de seus contemporâneos – vai do Barroco ao Contemporâneo, passando por shows de jazz e atrevidas canções populares da época da República de Weimar. A rica programação paralela inclui leituras, debates e exposições.
Como nos dois anos anteriores, o festival Beethovenfest 2008 aborda também o olhar cinematográfico sobre o compositor e sua obra. Ilona Schmiel descreve: "Com Look at Beethoven apresentamos as diferentes visões de cineastas, jovens diretores e também fotógrafos, explorando a forma de clips curtos." O projeto contou com a parceria da Deutsche Welle, além de outras emissoras e faculdades de Artes.