O videogame como fuga da realidade
7 de outubro de 2015Coloque o disco, ligue o console e comece. Especialistas estimam que 500 milhões de pessoas no mundo passem, pelo menos, uma hora por dia jogando videogame – em console ou no computador.
O jogo de estratégia "League of Legends" é o mais popular atualmente, com 90 milhões de fãs espalhados pelo globo. Nele, os jogadores competem entre si em times de quatro, e muitos gostam desse espírito de comunidade.
Alguns jogos são tão elaborados que, às vezes, o mundo virtual parece até substituir o real. "Não é apenas atirar e matar adversários. Há times, o jogador tem parceiros e um papel a cumprir, como em um filme. Isso pode se tornar quase uma realidade para as pessoas. Vemos em algumas pesquisas jogadores afirmarem que sentem que aquilo é como se fosse parte da vida deles, como se estivesse mesmo acontecendo", diz o médico e especialista em vícios Garrett McGovern.
Esse efeito é o que programadores de empresas como a DIGIT Gaming Studios, de Dublin, tentam atingir. A companhia irlandesa desenvolve o jogo "Kings of the Realm", em que os jogadores criam exércitos, estabelecem alianças e competem entre si.
Richard Barnwell, à frente da companhia, sabe do que uma criação de sucesso precisa. "O jogo deve ser fácil de usar e possibilitar que o jogador seja bem sucedido. Se o game for muito complicado e o personagem perde e morre, é uma sensação ruim, não é uma boa experiência. Temos que garantir que será um aprendizado bom e recompensador. As pessoas querem se sentir em casa dentro do jogo", afirma.
Brian Grieco é técnico de áudio, mas, no tempo livre, consegue gastar, facilmente, dias inteiros na frente do monitor, com pausas apenas para comer e dormir. Ele gosta, sobretudo, de jogos de tiro e Role-playing (representação de personagens).
"Quando você conquista, aquele é o seu mundo, você tem controle sobre aquilo, muito mais do que na vida real. Acho que é uma boa forma de escapar às vezes", diz Grieco.
Mas alguns jogadores se perdem no universo virtual. Eles se afastam da família e dos amigos, e os estudos ou trabalho se tornam secundários. Hoje, essa é uma condição diagnosticável, conhecida como "transtorno do jogo pela internet".
"Há alguns sinais a serem observados. O jogo está afetando as relações ou a saúde do usuário? Ele está gastando muito tempo com aquilo? Objetivamente, provavelmente é um problema. Mas, subjetivamente, a pessoa pode não ver dessa maneira", explica McGovern.
Grieco diz ser difícil evitar o jogo se uma oportunidade surge, mas não se considera um viciado. "Se eu sei que tenho coisas para fazer, estudar ou trabalhar, eu encontro forças em mim para não jogar. Nunca chegou ao ponto de eu não conseguir me controlar. Por isso também, nunca senti a necessidade de largar".