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Ocidente aplica novas sanções, e Rússia retalia

20 de março de 2014

Medidas dos EUA pela crise na Ucrânia atingem agora mais 20 cidadãos e um banco russo. Próximo passo podem ser medidas econômicas. Moscou reage e adverte contra "efeito bumerangue".

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Kreml in Moskau
Foto: picture-alliance/Bildagentur-online

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira (20/03) a ampliação das sanções econômicas contra a Rússia, em punição por seu procedimento na Ucrânia. As medidas atingem 20 altos funcionários e políticos, assim como uma instituição bancária.

Em resposta imediata, o Kremlin impôs medidas retaliatórias contra nove personalidades públicas americanas, incluindo o senador John McCain e os assessores de segurança nacional Ben Rhodes e Caroline Atkinson.

O Ministério de Relações Exteriores em Moscou declarou num comunicado: "Nós advertimos repetidamente que sanções são um instrumento de dois gumes e que iriam atingir os Estados Unidos como um bumerangue. Não deve haver dúvida: vamos responder adequadamente a cada golpe hostil."

Na abertura da reunião de cúpula em Bruxelas, diversos chefes de Estado e governo da União Europeia anunciaram a intenção de ampliar o número dos atingidos por sanções como bloqueio de contas e interdição de entrar no bloco europeu.

EU Gipfel in Brüssel Angela Merkel mit Bratusek und Grybauskaite
Líderes europeus discutem posição diante da RússiaFoto: REUTERS

Com o gesto, a UE sinalizaria sua coesão interna e determinação. "A última coisa que a Rússia quer, é uma Europa forte", declarou o premiê sueco Fredrik Reinfeldt. Até o momento, as medidas punitivas europeias se dirigem contra 21 russos e ucranianos, considerados corresponsáveis pela crise da Crimeia.

Kremlin "perplexo" com lista dos EUA

As medidas decretadas por Obama contra a Rússia atingem colaboradores próximos do presidente Vladimir Putin, como o chefe do gabinete da presidência, Serguei Ivanov, e Arkady Rotenberg e Guennadi Timchenko, ambos amigos íntimos de Putin cujas companhias lucraram bilhões em contratos governamentais.

Eles e 17 outras figuras da política e economia nacionais terão congelados seus bens dos EUA, ficando impedidos de realizar quaisquer negócios no país ou transações em dólares americanos. Também alvo de embargo é o Bank Rossiya, instituição privada da propriedade de Yuri Kovalchuk, considerado "o banqueiro de Putin".

O porta-voz de Vladimir Putin comentou a agência de notícias russas que alguns dos nomes na nova lista da Casa Branca causaram "perplexidade extrema". "Quaisquer quer sejam os nomes, a prática de algum tipo de lista, em si, é inaceitável para nós", comentou, acrescentando que o documento está sendo estudado.

Caminho aberto para sanções econômicas

Em sua declaração a partir da Casa Branca, Obama advertiu que o ônus sobre o Kremlin aumentará, caso a situação na região se agrave. Ele esclareceu que as atuais penalidades são o resultado de "escolhas feitas pelo governo russo, as quais foram rejeitadas pela comunidade internacional", e mais uma vez alertou Moscou sobre o perigo de um isolamento maior ainda.

Segundo fontes de Washington, a presente iniciativa prepara o caminho para que se estendam as sanções para além de indivíduos, penalizando também setores-chave da economia russa, como os de serviços financeiros, energia, tecnologia e defensa. Tal se aplicará, por exemplo, se as forças russas ocuparem outras áreas da Ucrânia, causando uma escalada da crise no Mar Negro.

Duma Krim Annexion 20.03.2014
Duma debate anexação da CrimeiaFoto: Reuters

Na segunda-feira – em seguida ao referendo que determinou a secessão da estrategicamente importante península da Crimeia e sua adesão à Federação Russa – o governo americano já impusera medidas punitivas contra 11 cidadãos russos e ucranianos envolvidos na disputa da Ucrânia.

Assim como a União Europeia, os EUA classificam a incursão russa na Crimeia como violação do direito internacional, e não reconhecem a anexação da região. No entanto, diversos políticos em Washington admitem que a Rússia dificilmente abrirá mão da Crimeia. Assim, a prioridade seria evitar que as tropas de Putin avancem sobre outras áreas ucraniana com grande incidência pró-russa.

AV/afp/ap/rtr