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Ofensiva de combate ao desemprego não chegará a todos, alertam críticos

Sabrina Pabst (ca)12 de novembro de 2013

Países da União Europeia juntaram forças para combater o desemprego entre os jovens. Críticos afirmam que isso não é possível com políticas públicas de emprego. Reunião em Paris controla aplicação de decisões recentes.

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Foto: REUTERS

"Precisamos de mais sucesso na luta contra o desemprego entre os jovens", assinalou a chanceler federal Angela Merkel ainda em meados do ano. Na ocasião, em julho, uma cúpula extraordinária aprovou um programa apelidado de Garantia Europeia da Juventude, que afirmou que ninguém abaixo dos 25 anos de idade deveria esperar mais de quatro meses por um emprego ou por um posto de aprendiz.

Numa reunião convocada pelo presidente francês François Hollande em Paris, nesta terça-feira (12/11), os representantes de 24 países-membros do bloco avaliam a decisão tomada há seis meses em Berlim e controlam a implementação do programa.

Discrepâncias no bloco

A União Europeia está preparando um pacote de seis bilhões de euros para combater especificamente o desemprego juvenil. O programa quer combater as disparidades que existem no bloco dos 28: no norte, programas vocacionais e empresas estão encontrando problemas para achar candidatos qualificados, ao mesmo tempo em que jovens nos países do sul da Europa, mais afetados pela crise econômica, procuram desesperadamente por trabalho.

Outro aspecto das medidas de combate ao desemprego juvenil é que nem todo europeu abaixo dos 25 anos poderá desfrutar do dinheiro disponibilizado pela UE. Os 6 bilhões de euros irão para regiões com taxa de desemprego juvenil superior a 25%. Trata-se principalmente de regiões na Espanha, na Grécia e em Portugal.

Com os bilhões de Bruxelas, os países-membros deverão apoiar os jovens localmente. Por exemplo, na transição entre a escola e o trabalho ou na escolha da profissão. Eles também deverão receber estímulos para se locomover profissionalmente dentro da Europa. Empresas também poderão ganhar subsídios financeiros para contratar pessoas jovens.

Postos de trabalho de longo prazo

A eurodeputada social-democrata Jutta Steinruck apela aos governos dos países-membros para que criem melhores condições para criar postos de trabalho "com futuro". A contenção de gastos ditada pela troica – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia – fez com que o desenvolvimento econômico de países em crise mergulhasse ainda mais fundo na recessão.

EU Europaparlament Jutta Steinruck MdEP
Eurodeputada Jutta Steinruck apela para postos de trabalho de boa qualidadeFoto: Jutta Steinruck

Isso provocou o corte de postos de trabalho. "Precisamos de estruturas que garantam a criação de empregos que possam ser mantidos num prazo maior. Para tal, a política e a economia devem usar recursos juntos para a criação de postos de trabalho de boa qualidade", afirmou a eurodeputada.

Porém, o atual financiamento é problemático: o dinheiro disponibilizado deve provir dos fundos estruturais. Medidas de formação profissional e ocupação de jovens sem trabalho já são apoiadas pelo Fundo Social Europeu (FSE) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder). Mas os países-membros têm que cofinanciar tais fundos. E falta dinheiro nos países em crise.

Para Holger Schäfer, economista especializado em mercado de trabalho no Instituto da Economia Alemã, 6 bilhões de euros são muito pouco para resolver toda a questão do mercado de trabalho. "Se um Estado organiza a criação desses postos de trabalho, esses empregos vão depender sempre do financiamento por impostos. Esses tributos, por sua vez, levam à eliminação de postos de trabalho em outros setores."

Os empregos criados e subsidiados pelo Estado custam muito dinheiro e, na pior das hipóteses, evitam que os jovens se estabeleçam no mercado de trabalho, disse Holger Schäfer. Essas pessoas são alocadas em medidas de capacitação e treinamento, para que saiam das estatísticas de desemprego, afirmou Schäfer.

Possibilidades restritas da política

Na Dinamarca, na Finlândia, na Áustria e na Suécia existem "garantias" para a juventude – sem um sucesso aparente. O desemprego entre os jovens cresceu ou não registrou uma melhora significativa frente à taxa de desemprego de adultos nos últimos anos, pois a promessa de emprego não foi mantida.

Holger Schäfer
Holger Schäfer não acredita que políticas públicas resolvam problema do desempregoFoto: Institut der deutschen Wirtschaft Köln

Na Finlândia, a taxa de desemprego entre os jovens é de 21%, enquanto na Suécia é de 23%. O desemprego juvenil não é um problema isolado, mas um sinal de uma situação generalizada de falta de emprego. A premissa é: quanto maior for a taxa de desemprego, maior a falta de trabalho para os jovens.

Para Schäfer, a Garantia Europeia da Juventude não assegura assim nenhum posto de trabalho. "O desemprego nos diversos países é um desemprego conjuntural. Ele não pode ser combatido por uma política pública de emprego", afirma.

Segundo Schäfer, os políticos devem tentar criar as melhores condições possíveis para que as empresas sejam capazes de acolher pessoas jovens de forma sustentável. "Para isso, às vezes não se precisa nem de dinheiro. Por exemplo, basta abolir certas regras", declarou o especialista do Instituto da Economia Alemã.

Schäfer disse ainda que os políticos devem garantir um ambiente favorável ao crescimento. Assim, o aumento da produção iria criar cada vez mais postos de trabalho e a taxa de desemprego diminuiria.