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Oito mulheres morrem após esterilização em massa na Índia

11 de novembro de 2014

Como parte de um programa estatal de controle populacional, 83 mulheres são operadas em cinco horas. Mais de 60 são hospitalizadas devido a complicações, e ao menos 14 delas estão em estado grave.

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Mulheres indianas submetidas a esterilização em massa no estado de Bengala Ocidental, em 2013Foto: AFP/Getty Images

Ao menos oito mulheres morreram na Índia em decorrência de supostas falhas em cirurgias de esterilização realizadas no último sábado (8/11). No distrito de Bilaspur, no centro do país, 83 operações foram executadas como parte de um programa estatal para controlar a população do país, de mais de 1 bilhão de pessoas.

Ao longo do fim de semana, mais de 60 mulheres foram hospitalizadas devido a complicações, e ao menos 14 delas estão em estado grave, disseram as autoridades do estado de Chhattisgarh nesta terça-feira.

Como incentivo para se submeterem ao tratamento, são oferecidas às mulheres 1.400 rúpias (cerca de 60 reais). Alguns governos locais, sob pressão para cumprir metas, dão também outros benefícios, como automóveis e eletrodomésticos, para casais que se submetam à esterilização voluntariamente.

Nesta terça-feira, moradores tomaram as ruas de Bilaspur pedindo ação imediata contra os médicos. O comissário para o distrito, Sonmani Borah, afirmou que o governo irá investigar o que houve de errado.

De acordo com o jornal Indian Express, todas as 83 cirurgias foram feitas ao longo de cinco horas, por um médico e seu assistente. Pouco depois da esterilização, as mulheres foram liberadas e começaram a sentir dores fortes, náusea e febre. Todas as mulheres eram de baixa renda e tinham menos de 32 anos.

O ministro-chefe de Chhattisgarh, Raman Singh, disse que quatro funcionários foram suspensos, incluindo o diretor do programa de planejamento familiar e o médico que supervisionou as cirurgias no sábado. Uma ação foi movida contra o médico por negligência, declarou Singh após uma reunião com as famílias das vítimas e pacientes.

O governo do estado anunciou uma compensação de 400 mil rúpias (cerca de 16,5 mil reais) para a família de cada uma das vítimas fatais e 50 mil rúpias (cerca de 2 mil reais) para cada uma das mulheres em tratamento.

"O hospital onde o procedimento foi realizado tem pouca estrutura. É semiacabado e está assim há 15 anos. Os comprimidos que foram fornecidos não tinham data de validade", contou um parente entrevistado pela emissora Times Now.

O superintendente médico do principal hospital de Bilaspur, Ramnesh Murthy, onde muitas das mulheres foram internadas, disse ser difícil afirmar o que pode ter causado as mortes.

"Seria prematuro especular as razões para essa tragédia. Estamos dando prioridade para tratar as mulheres internadas por queda na pressão arterial“, afirmou. "Vamos saber os motivos apenas quando sairem os atestados de óbito."

Entre 2009 e 2012, o governo indiano pagou indenização por 568 mortes decorrentes de cirurgias de esterilização.

NM/afp/dpa/rtr