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OMS espera fim da pandemia em menos de dois anos

21 de agosto de 2020

Chefe da entidade compara covid-19 com a gripe espanhola, que circulou no mundo entre 1918 e 1920, e diz esperar que crise atual seja contida em menos tempo. Mas isso só será possível com vacina e "solidariedade global".

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O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, com as mãos juntas em frente ao rosto
Tedros disse que, diferente de um século atrás, hoje "temos a tecnologia e o conhecimento para parar" o vírusFoto: AFP/F. Coffrini

A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera que a pandemia de covid-19 dure no máximo dois anos – isso se o mundo se unir e conseguir aprovar uma vacina contra o vírus, afirmou nesta sexta-feira (21/08) o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A OMS vinha se mantendo cautelosa em fornecer estimativas sobre a duração da crise enquanto não há uma vacina comprovadamente eficaz e aprovada para produção em massa.

Mas Tedros fez agora a declaração ao comparar a pandemia do novo coronavírus com a chamada gripe espanhola, que durou dois anos – a doença circulou no mundo inteiro de 1918 a 1920 e matou entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas, segundo a OMS.

O chefe da entidade descreveu a covid-19 como uma "crise de saúde que ocorre uma vez por século" e disse que, enquanto a globalização permitiu que o coronavírus se espalhasse mais rápido que a gripe de 1918, o mundo tem hoje tecnologia para pará-lo, diferentemente de um século atrás.

"Em nossa situação atual, com mais tecnologia e, é claro, mais conectividade, o vírus tem uma chance ainda maior de se espalhar. Ele pode avançar rápido porque nós estamos mais conectados agora", disse, em coletiva de imprensa em Genebra.

"Mas ao mesmo tempo, nós também temos a tecnologia e o conhecimento para pará-lo. Temos a desvantagem da globalização, da proximidade e da conectividade, mas a vantagem de uma tecnologia melhor", completou. "Então esperamos o fim dessa pandemia em menos de dois anos."

Para esse fim, Tedros pediu "unidade nacional" e "solidariedade global". "Isso é realmente fundamental para utilizarmos ao máximo as ferramentas disponíveis e esperar que possamos ter ferramentas adicionais, como uma vacina."

Enquanto o planeta ainda corre contra o tempo em busca de um imunizante seguro e eficaz, as ferramentas mais importantes que os governos têm à disposição hoje são o isolamento social, o uso de máscaras e medidas de higiene e distanciamento entre pessoas, destaca a OMS.

Também ao comparar a covid-19 com a gripe espanhola, o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, lembrou que a pandemia do século passado atingiu o planeta em três ondas diferentes, sendo a segunda onda, que começou no segundo semestre de 1918, a mais devastadora. Mas, segundo ele, a pandemia de covid-19 não parece estar seguindo o mesmo padrão.

"O vírus [Sars-Cov-2] não está mostrando um padrão de ondas semelhante", afirmou. "Quando o vírus não está sob controle, ele avança de volta."

Ryan também disse que, embora vírus pandêmicos geralmente se acomodem em um padrão sazonal, esse não parece ser o caso do novo coronavírus.

Ao todo, desde que o Sars-Cov-2 surgiu em dezembro de 2019, mais de 22,7 milhões de pessoas foram infectadas em todo o planeta, enquanto mais de 795 mil morreram em decorrência da doença, segundo contagem mantida pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

"Corrupção envolvendo a pandemia é assassinato"

Questionado sobre escândalos mundiais de corrupção envolvendo compras de equipamentos médicos para conter a crise, Tedros afirmou nesta sexta-feira que tais atos são equivalentes a "assassinatos".

Em comentários bastante críticos, o chefe da OMS afirmou que a corrupção que priva os profissionais de saúde de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados representa uma ameaça às vidas desses trabalhadores e de pacientes que sofrem da doença.

"Qualquer corrupção é inaceitável. Mas corrupção relacionada a EPIs, para mim, é realmente um homicídio. Porque se profissionais de saúde trabalham sem EPI, estamos arriscando suas vidas. E também arriscamos as vidas das pessoas que eles atendem. Então é criminoso, é assassinato e tem que parar", disse Tedros.

O diretor-geral foi questionado especificamente sobre um escândalo de corrupção na África do Sul, onde revelou-se que compras públicas de máscaras, aventais e outros equipamentos de proteção não estavam chegando aos funcionários de hospitais. O caso está sendo investigado no país.

Mas escândalos semelhantes foram revelados também em vários estados do Brasil, sendo o Rio de Janeiro o primeiro deles. Em maio, a Polícia Federal chegou a cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao governador Wilson Witzel.

Em investigação iniciada em abril, a corporação apura a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha, além de servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado.

EK/rtr/afp/ap/ots

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