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OMS pede que países levem ameaça do coronavírus a sério

6 de março de 2020

"Agora é o momento de fazer de tudo", diz diretor-geral da organização, pedindo maior compromisso político no combate ao Sars-Cov-2. Vírus já causou mais de 100 mil infecções e cerca de 3,4 mil mortes no mundo.

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Diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, sentado diante de microfone durante coletiva de imprensa da organização em Genebra: "Isto não é um treino"
"Isto não é um treino", disse diretor-geral da OMS, Tedros GhebreyesusFoto: picture-alliance/dpa/S. di Nolfi

O número infecções pelo coronavírus Sars-CoV-2 no mundo chegou a mais de 100 mil nesta sexta-feira (06/03), causando alertas globais sobre as consequências econômicas e sociais da disseminação do patógeno.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, cobrou mais compromisso político de lideranças mundiais no enfrentamento ao surto. Segundo ele, uma "longa lista" de países não estão levando o surto tão a sério como deveriam, para "se adequar ao nível de ameaça que todos estamos enfrentando".

"Isto não é um treino", disse Ghebreyesus a repórteres nesta quinta-feira, exortando os países a se prepararem "de forma agressiva". "Não é hora de desistir, e não é hora para desculpas. Agora é o momento de fazer de tudo", acrescentou, sem citar quais países não estariam politicamente comprometidos em combater a doença respiratória covid-19, causada pelo coronavírus que surgiu na província central chinesa de Hubei no final do ano passado. Desde então, mais de 100 mil pessoas foram infectadas em 87 países e territórios, de acordo com a agência AFP. O número de mortes provocadas pelo vírus no mundo é de cerca de 3,4 mil.

Na Alemanha, o Instituto Robert Koch (RKI, na sigla em alemão), agência governamental responsável pelo combate e prevenção de doenças, divulgou que o país registrou 134 infecções pelo coronavírus entre quinta e sexta-feira.

O número de pessoas infectadas subiu para 534 na Alemanha na manhã desta sexta, contra 400 registradas na tarde do dia anterior. Mais da metade dos casos (281) está concentrada no estado mais populoso do país, a Renânia do Norte-Vestfália. O segundo estado mais afetado é Baden-Württemberg (91), seguido da Baviera (79). A capital, Berlim, tem 15 casos confirmados.

A disseminação do Sars-CoV-2 na Alemanha levou o RKI a publicar, também na quinta, um adendo ao plano nacional contra pandemias, que valia, entre outros, para vírus de gripe (influenza).

Apesar de ser o segundo país com mais casos de coronavírus na Europa depois da Itália, a Alemanha não registrou nenhuma morte relacionada ao Sars-CoV-2. Em comparação, de acordo com o Instituto Robert Koch, cerca de 200 pessoas morreram de gripe na Alemanha no inverno do país. O número de amostras de casos de influenza encaminhados para análise no instituto desde outubro passado foi de quase 120 mil. Cerca de 17% desses casos resultaram em internação. A grande maioria dos falecimentos (87%) foi de pessoas com mais de 60 anos.

Em todo o mundo, a economia – especialmente o setor do turismo – e a vida cotidiana das pessoas está sendo afetada pelo surto de coronavírus. A cúpula do Programa Alimentar Mundial, agência da ONU para alimentação, alertou para a potencial "devastação absoluta" com os efeitos do surto na África e no Oriente Médio.

Os mercados asiáticos voltaram a registrar quedas vertiginosas nesta sexta-feira em meio a temores sobre o impacto do vírus na economia, enquanto países do mundo inteiro adotam medidas para conter o contágio.

Até mesmo a religião lida com as consequências do coronavírus: o Vaticano, confirmou seu primeiro caso nesta sexta e divulgou que estuda suspender a audiência semanal do papa Francisco devido ao surto. Na Cisjordânia, Belém foi fechada para turistas. Na Arábia Saudita, as peregrinações a Meca foram suspensas para muçulmanos estrangeiros e sauditas.

O governo do Irã planeja limitar viagens e exortou a população a parar de usar dinheiro vivo. O país tem mais de 3.500 casos e pelo menos 107 mortes relacionadas ao Sars-CoV-2.

Nesta sexta-feira, a Coreia do Sul, país mais afetado pela covid-19 fora da China, anunciou que já registrou mais de 6 mil infecções e 42 mortes, o que levou o país a estender as férias escolares por três semanas. Por outro lado, o número de casos no país vem caindo. Nesta sexta-feira, foram reportadas 505 novas infecções, uma queda considerável em relação aos 851 novos casos na quinta.

Na Europa, o número de infecções aumenta tanto na Alemanha quanto na França (423 casos e sete mortes), mas a Itália concentra o maior número de casos. Na quinta-feira, o número de mortes relacionadas ao Sars-CoV-2 em solo italiano subiu para 148, transformando o surto do coronavírus no país no mais letal fora da China. Esta semana, o governo italiano determinou o fechamento de escolas e universidades até pelo menos o dia 15 de março. Mundialmente, o número de estudantes que foi mandado para casa é de cerca de 300 milhões.

Na China, onde surgiu a nova cepa do coronavírus, foram relatados 143 novos casos na sexta, o equivalente a cerca de um terço dos casos registrados há uma semana. Há apenas um mês, a China vinha relatando milhares de novos casos por dia.

Nos Estados Unidos, o cruzeiro Grand Princess está ancorado na costa da Califórnia, com 3.500 pessoas a bordo, porque um passageiro de uma viagem anterior no navio morreu devido ao coronavírus, e pelo menos outras quatro pessoas a bordo foram infectadas. O Grand Princess é da mesma linha que opera o Diamond Princess, cruzeiro que ficou em quarentena no porto japonês de Yokohama no mês passado. Mais de 700 das pessoas a bordo tiveram infecções pelo coronavírus.

No Brasil, há oito casos confirmados. Os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo confirmaram na quinta as primeiras ocorrências de covid-19, enquanto São Paulo registrou os dois primeiros casos de transmissão local do país. Autoridades apuram mais de 600 suspeitas de infecção.

RK/ap/rtr/afp/ots

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