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Munição proibida na Líbia

16 de abril de 2011

Munição de fragmentação, banida pela Convenção de Oslo de 2008, solta minibombas que representam perigo por anos. Tropas de Kadafi a empregam em zonas residenciais, afirmam Human Rights Watch e rebeldes. Governo nega.

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Projétil israelense encontrado no Líbano quatro anos depois do final da guerraFoto: AP
Blindgängergefahr in Laos 2003 Streubombe
Bomba de fragmentação estadunidense não detonada no Laos (foto de 2003)Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb

A organização Human Rights Watch (HRW) acusa as tropas do ditador líbio Muammar Kadafi de utilizarem bombas de fragmentação. Esse tipo de munição foi proscrito em todo o mundo pela Convenção de Oslo, firmada em 2008 por mais de 100 países e em vigor desde o ano passado.

Após serem detonadas, as bombas de fragmentação (cluster bombs, em inglês) se abrem, liberando numerosos outros projéteis. Parte dessas minibombas, contudo, não explode imediatamente, constituindo perigo potencial vários anos mais tarde.

Acusações "surreais"

Além de contar com depoimentos de motoristas de ambulâncias, a HRW teve ocasião de examinar as minibombas in loco. Segundo o perito Steve Goose, funcionários da ONG de direitos humanos sediada nos Estados Unidos encontraram pelo menos três bombas de fragmentação em Misrata, cidade portuária no leste da Líbia ocupada por rebeldes.

Goose disse considerar "apavorante" o fato de esse tipo de bomba estar sendo empregado em áreas residenciais. "Elas representam um risco enorme para os civis, devido a sua natureza indiscriminada e aos projéteis não detonados, que ficam espalhados."

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Projéteis encontrados após guerra entre Israel e LíbanoFoto: picture-alliance/dpa

Antes dessa confirmação, repórteres do jornal New York Times haviam noticiado sobre o assunto, apresentando fotos dos assim chamados "morteiros MAT-120". Estes espalham, por uma ampla área, miniprojéteis capazes de perfurar uma blindagem. Consta que a munição encontrada na Líbia teria sido produzida em 2007 na Espanha, portanto três anos antes de Madri assinar a Convenção de Oslo.

"Na noite passada, era como chuva": assim um insurgente líbio descreveu na sexta-feira (15/04) os efeitos das explosões sobre Misrata. O regime Kadafi nega as acusações. O porta-voz Mussa Ibrahim classificou as notícias como "surreais" e exigiu que a Human Rights Watch e os rebeldes apresentem provas da utilização de bombas de fragmentação.

"Não há futuro com Kadafi"

Misrata continua sendo bombardeada pelas forças de Kadafi neste sábado. Do centro da terceira maior cidade líbia, podiam-se ouvir explosões e fogo pesado. Observadores supõem que parte das maiores explosões ocorridas durante a noite se tratasse de ataques da Otan contra posições do governo. Segundo rebeldes, contudo, as tropas de Kadafi já se encontram no centro da cidade.

NATO-Gipfel Sarkozy Obama Cameron
Obama, Sarkozy e Cameron: unidos contra o ditador líbioFoto: picture alliance/dpa

Na véspera, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido haviam declarado que um futuro que inclua o ditador seria "impensável" para o país. Deste modo, admitiram tacitamente que a finalidade da investida aérea sobre a Líbia é a queda do regime.

Também na sexta-feira, os presidentes Barack Obama e Nicolas Sarkozy, assim como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, publicaram um artigo conjunto afirmando a intenção de manter a campanha militar até que Kadafi seja deposto. O texto foi divulgado em quatro jornais de grande circulação: o francês Le Figaro, o inglês The Times e os internacionais Herald Tribune e Al Hayat.

AV/dw/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler