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ONGs denunciam fracasso da ONU na Síria

12 de março de 2015

Relatório assinado por 21 grupos de direitos humanos critica Conselho de Segurança por não implementar resoluções que ajudariam civis. Em 2014, número de pessoas que precisam de auxílio dobrou para quase 5 milhões.

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Syrien Kämpfe in Damaskus
Foto: REUTERS/B. Khabieh

Um relatório assinado por 21 ONGs, divulgado nesta quinta-feira (12/03), faz duras críticas ao Conselho de Segurança da ONU por ter fracassado na tentativa de implementar três resoluções em 2014 para aumentar a assistência a civis durante a guerra na Síria, que já dura quatro anos e custou a vida de mais de 220 mil pessoas.

As organizações "reprovaram" as potências mundiais e a comunidade internacional pelo que considera uma fraca atuação na guerra civil, que começou como um protesto pacífico e acabou escalando e levando a um sangrento combate entre as tropas do ditador Bashar al-Assad e insurgentes. A séria crise humanitária, lembra o texto, agora afeta toda a região.

"A dura realidade é que o Conselho de Segurança fracassou em implementar essas resoluções", afirma Jan Egeland, secretário-geral do Conselho de Refugiados da Noruega. "O ano passado foi o mais sombrio nessa terrível guerra. As partes do conflito têm agido de maneira impune e ignorado as demandas do Conselho de Segurança, civis não estão protegidos, e o acesso deles a ajuda não melhorou."

A grave crise levou o Conselho de Segurança da ONU, marcado por divisões dos integrantes a respeito da situação na Síria, a aprovar três resoluções no ano passado para acabar com mortes e torturas arbitrárias e facilitar a entrada de ajuda humanitária no país. A última delas, aprovada em dezembro, amplia a entrega de assistência além da fronteira, em áreas sob controle rebelde, sem necessidade de autorização do governo em Damasco.

No relatório de 27 páginas, as organizações afirmam que o número de pessoas que precisam de ajuda em áreas difíceis de serem alcançadas praticamente dobrou no ano passado, chegando a 4,8 milhões. E o número de crianças vítimas do conflito subiu para 5,6 milhões.

O diretor regional da ONG Save the Children, Roger Hearn, destacou que muitas crianças não podem sequer ir às escolas na Síria, por as instalações estarem destruídas ou por seus pais terem medo de enviá-las por medo de ataques.

"Enquanto trabalhadores humanitários heroicos arriscam suas vidas para oferecer assistência e serviços essenciais, milhões de sírios estão fora de seu alcance, não só pela violência e a piora da situação, mas também pela falta de financiamento e por obstáculos burocráticos", lamentou Hearn.

Desde que os conflitos começaram, em março de 2011, mais de 220 mil pessoas morreram e 1 milhão ficaram feridas. Cerca de quatro milhões de sírios fugiram do país, e outros 7,6 milhões encontram-se desalojados. Segundo a ONU, 12,2 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária no país.

MSB/rtr/ap