Países pedem fim da violência entre Israel e palestinos
11 de maio de 2021A ONU, a União Europeia (UE), o Reino Unido e os Estados Unidos pediram o fim da nova escalada de violência entre israelenses e palestinos.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos se declarou profundamente preocupado com o aumento da violência entre Israel e grupos militantes palestinos, como o Hamas, que governa a Faixa de Gaza. "Condenamos toda a violência e toda a incitação à violência, assim como as divisões étnicas e as provocações", disse um porta-voz.
Esta é a pior escalada de violência em anos, desencadeada por confrontos nos arredores da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, e subsequentes ataques do Hamas a Israel.
Num sinal de que a violência pode aumentar, o Ministério da Defesa de Israel ordenou nesta terça-feira (11/05) a mobilização de 5 mil reservistas.
Prioridade deve ser evitar mais vítimas civis
O alto representante da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que ataques contra civis são inaceitáveis. "Estamos profundamente preocupados com os recentes confrontos e com a violência", disse Borrell, pedindo para que tudo seja feito para evitar o aumento das tensões. "A prioridade deve ser evitar mais vítimas civis", afirmou.
Os Estados Unidos e o Reino Unido condenaram os ataques do movimento palestino Hamas contra Israel, unindo-se aos apelos da comunidade internacional para o fim da violência. "Reconhecemos o direito legítimo de Israel de se defender, de defender o seu povo e o seu território", afirmou o porta-voz da diplomacia dos EUA, Ned Price.
"O Reino Unido condena o lançamento de foguetes em Jerusalém e vários locais de Israel. A violência em Jerusalém e Gaza deve terminar. Precisamos de uma redução imediata da escalada de todos os lados, travando os ataques à população civil", disse o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab.
A França alertou para os riscos de uma grande escalada de tensão no Oriente Médio e pediu contenção aos dois lados para "permitir um regresso à calma o mais rapidamente possível", declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
A diplomacia da Alemanha pediu a colaboração das duas partes para uma solução de consenso. "Disparar foguetes contra a população de Israel não é de forma alguma justificável – e de forma alguma uma contribuição para a resolução do conflito, mas simples acirramento sem sentido. Todos os lados têm o dever de evitar mais vítimas entre os civis", afirmou o ministro Heiko Maas.
Gaza comunica morte de nove crianças
A violência aumentou na noite desta segunda-feira, depois de militantes palestinos dispararem foguetes na direção de Jerusalém. Em resposta, Israel lançou ataques aéreos contra militantes na Faixa de Gaza.
As autoridades locais em Gaza reportaram 24 mortos, incluindo nove crianças, depois dos ataques israelenses, o maior número desde novembro de 2019.
Sete mortos eram membros de uma mesma família, incluindo três crianças, que morreram numa explosão na cidade de Beit Hanoun, cuja causa pode tanto ter sido um ataque de Israel como um foguete errante disparado de Gaza.
O Exército de Israel comunicou que conduziu 130 ataques contra alvos militares do Hamas na Faixa de Gaza, durante a madrugada, em resposta aos lançamentos de foguetes, matando 15 membros de grupos armados palestinos e atingindo a residência de um alto comandante do Hamas.
Já os militantes em Gaza dispararam mais de 250 foguetes na direção de Israel, ferindo seis civis israelenses num ataque a um edifício de apartamentos. Cerca de um terço desses foguetes nem sequer chegaram a Israel e caíram em Gaza, segundo o Exército de Israel.
Os novos ataques surgem num clima de escalada da violência em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas "cruzou uma linha vermelha" e que Israel responderá "com grande força".
Na segunda-feira, cerca de 520 palestinos e 32 policiais israelenses ficaram feridos em confrontos com a polícia na Esplanada das Mesquitas, nos arredores da Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islã e o local mais sagrado do judaísmo, além de em outros locais em Jerusalém Oriental.
O Hamas havia ameaçado Israel com uma nova escalada militar se as forças israelenses não se retirassem da esplanada até o anoitecer.
Israel considera Jerusalém sua capital, incluindo a parte do leste, cuja anexação não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital do Estado que buscam criar na Cisjordânia e em Gaza.
Os confrontos coincidiram com o Dia de Jerusalém, que marca a conquista, de acordo com o calendário hebraico, da parte palestina da Cidade Santa por Israel, em 1967.
as/lf (Lusa, AP, DPA)