ONU pede reforço no resgate de migrantes no Sudeste Asiático
20 de maio de 2015As Nações Unidas apelaram nesta terça-feira (19/05) à Indonésia, Malásia e Tailândia para que reforcem e acelerem as operações de resgate marítimo e permitam a chegada à terra firme de cerca de 4 mil pessoas que se encontram em alto-mar.
Os migrantes, entre eles centenas de crianças, saíram de Myanmar e Bangladesh e agora estão à deriva em botes, com poucos mantimentos, segundo informações da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Ainda de acordo com a agência, pelo menos cinco embarcações estão ancoradas há pelo menos 40 dias.
Em um comunicado conjunto, a Acnur e o Escritório do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, assim como a Organização Internacional para a Migração, pediram que os governos indonésio, malásio e tailandês parem de expulsar os botes para fora de suas águas territoriais.
A nota diz que os países do Sudeste Asiático deveriam garantir o desembarque dessas pessoas "em um lugar seguro, com condições de recepção adequadas e humanas", além de realizar procedimentos de controle para identificar refugiados, pessoas em busca de asilo, apátridas ou vítimas de tráfico humano.
Indonésia, Malásia e Tailândia receberam condenação internacional ao expulsarem de suas águas barcos lotados com pessoas da minoria muçulmana rohingya, famintas e desesperadas. Segundo a ONU, desde o ano passado mais de 88 mil migrantes se lançaram em arriscadas viagens marítimas.
Pescadores proibidos de ajudar
Os líderes dos três países se reunirão nesta quarta-feira para discutir a situação, considerada pelas Nações Unidas uma crise humanitária iminente. No entanto, o governo da Indonésia já declarou nesta terça-feira que já faz "mais do que deveria" para ajudar as centenas de refugiados, segundo o ministro do Exterior Retno Marsudi.
"Este problema da imigração irregular não é de apenas um ou dois países. É um problema regional que também acontece em outros lugares. É também um problema global", declarou Marsudi. O ministro disse ainda que o país recebeu, na semana passada, 1.346 migrantes rohingya e bengaleses.
O Exército da Indonésia ordenou aos pescadores que não prestem ajuda aos refugiados no mar, como confirmou o porta-voz militar Fuad Basya. "Segundo informações, os refugiados jogam pessoas intencionalmente no mar para que os pescadores as resgatem. Estamos dando instruções a eles para que não as coloquem a bordo, apenas se estiverem se afogando".
O governo das Filipinas, por sua vez, ofereceu ajuda aos refugiados. "Faremos o que for necessário", disse um porta-voz do governo. "Temos a obrigação de ajudar os que buscam asilo", declarou um porta-voz do Ministério filipino do Exterior. Nenhum deles, no entanto,esclareceu como a ajuda será prestada.
MSB/dpa/rtr/ap/afp