ONU suspende ajuda humanitária na Síria
20 de setembro de 2016O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) anunciou nesta terça-feira (20/09) que todas as operações humanitárias na Síria estão suspensas após o ataque aéreo a um comboio de ajuda humanitária na região de Aleppo, na segunda-feira.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que cerca de 20 civis morreram no ataque. Entre os mortos está o chefe do Crescente Vermelho da Síria, que também afirmou que vai suspender seu trabalho na província de Aleppo por três dias em protesto pelo ataque.
Os Estados Unidos responsabilizaram a Rússia e a Síria pelo ataque e disseram que vão reavaliar a cooperação com os russos. O Ministério da Defesa da Rússia, porém, negou enfaticamente que aeronaves russas ou sírias tenham atacado o comboio. Síria também negou que seus aviões sejam responsáveis pelo ataque.
"Não há sinais de cratera e os automóveis também não apresentam danos no chassi como resultado de um choque explosivo", afirmou o porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, alegando que o comboio não sofreu nenhum ataque aéreo.
Segundo ele, o que se vê nas imagens "é consequência direta do incêndio da carga, que misteriosamente começou de forma simultânea com a ofensiva das milícias sobre Aleppo. Toda informação sobre a localização do comboio estava disponível apenas aos militantes que controlam essas áreas", acrescentou.
Um comboio humanitário das Nações Unidas e do Crescente Vermelho foi atacado nas proximidades da cidade de Urum al-Kubra, no oeste de Aleppo. Dos 31 caminhões, 18 foram destruídos. O OCHA ressaltou que o comboio tinha a autorização das autoridades para atravessar o território e distribuir assistência humanitária, que todas as partes beligerantes estavam informadas sobre sua trajetória e que estava claramente marcado como humanitário.
O chefe da ajuda humanitária da ONU, Stephen O'Brien, disse que muitas pessoas morreram ou ficaram seriamente feridas. "Vou ser bem claro: se esse ataque cruel mirou intencionalmente ajuda humanitária, isso significa crime de guerra", afirmou. "Não há nenhuma explicação ou desculpa, nenhuma razão ou racionalidade que explique o ataque a trabalhadores humanitários que tentam ajudar cidadãos que necessitam de ajuda de forma desesperada", disse.
Os caminhões transportavam ajuda de primeira necessidade, como comida, roupas e medicamentos, para 78 mil pessoas que sobrevivem em Urum al-Kubra, no oeste da província síria de Aleppo, e que não recebem assistência desde julho.
AS/efe/ap/afp/rtr