Clube dos poderosos
26 de dezembro de 2010A Alemanha foi escolhida já no primeiro turno da votação, em outubro último, para integrar por dois anos o Conselho de Segurança da ONU. O ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, viu no fato uma prova de confiança.
"Agora temos a chance de também participar das decisões a serem tomadas, e de fazer valer com mais força nossa influência, por exemplo, na solução de conflitos regionais."
Clube dos poderosos
A partir de janeiro de 2011, a Alemanha irá compor, por dois anos, o mais poderoso grêmio da Organização das Nações Unidas. Isto significa que terá voz ativa, quando o Conselho aprovar resoluções importantes. É a quinta vez que o país recebe tal distinção, desde que se filiou à ONU, em 1973.
A ordem do dia será essencialmente ditada pelas crises em curso. O maior poder de influência cabe aos cinco membros permanentes – China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia –, os quais dispõem de poder de veto sobre as decisões. Segundo o embaixador alemão na ONU, Peter Wittig, seu país não terá a oportunidade de realizar alguma forma de política própria em meio a esse ilustre círculo.
"Não se entra no Conselho de Segurança com um programa de governo, assim como quando se assume um mandato governamental. A agenda do Conselho é, por assim dizer, subordinada às crises, e também fortemente impulsionada pelas ações de manutenção da paz. A margem para improvisação é pequena, em comparação com a parte obrigatória."
Peacekeeping e crianças-soldados
Mas também existem temas recorrentes no Conselho da ONU. Berlim pretende se engajar nas operações de paz, o assim chamado peacekeeping. Aqui, as operações militares deverão ser mais estreitamente entrelaçadas com o peacebuilding – a construção de estruturas civis estáveis, após um conflito.
A Alemanha também deseja assumir responsabilidade no combate ao terrorismo, mais especificamente no Comitê de Sanções Al Qaeda-Talibã. Este é encarregado de decretar ou suspender ações punitivas – como restrições às viagens e outras– contra terroristas.
Essas decisões podem desempenhar um papel importante, por exemplo, no processo de reconciliação com o Talibã no Afeganistão. Além disso, o embaixador Wittig lembra também a preocupação com o destino das crianças-soldados.
"Um grupo de trabalho no Conselho de Segurança se ocupa, em essência, do abuso de crianças em conflitos, e, muito especialmente, do recrutamento e mobilização de crianças-soldados. Queremos nos dedicar a essa questão de forma especial."
Assento permanente: meta distante
Um posto permanente no Conselho da ONU continua sendo meta da política exterior alemã, porém a longo prazo. Pois não é o Conselho que decide sobre a reforma do grêmio, mas sim a assembleia geral, com todos os 192 membros. E aqui os tempos não são favoráveis a reformas.
Mas Wittig espera que a presença ativa de seu país venha influenciar naturalmente os debates sobre a reforma. Além da Alemanha, o Brasil e a Índia são candidatos a um posto permanente no Conselho de Segurança; ao lado da Nigéria e da África do Sul, que há muito tempo se batem pela representação devida do continente africano dentro do órgão.
Um dos primeiros assuntos com que a Alemanha será logo confrontada é o plebiscito no sul do Sudão. Em 9 de janeiro de 2011, os habitantes da região votam sobre sua eventual independência, e o embaixador alemão na ONU observa esse conflito desde já, pois em julho, quando possivelmente será fundado o Estado africano do Sudão do Sul, a Alemanha estará, justamente, ocupando a presidência do Conselho de Segurança da ONU.
Autor: Nina Werkhäuser (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer