Lá vamos nós outra vez: lojas abertas, escolas e jardins de infância também. Haverá de novo futebol na televisão, mesmo que sem espectadores no estádio. O verão está chegando, e os biergärten (jardins da cerveja), reabrindo de novo. Quem quiser pode sair de férias novamente dentro da Alemanha – e até mesmo pernoitar em hotéis.
Os virologistas concordam, ainda que cautelosamente. Na verdade, não há nada mais que possam fazer, mesmo que ainda vejam o perigo de a Alemanha ter uma segunda onda de infecção devido ao afrouxamento das regras. Porque o país, os seus especialistas, os médicos e enfermeiros, as autoridades de saúde e, sim, os políticos fizeram um excelente trabalho: quase nenhum outro país atravessou a pandemia tão bem como a Alemanha.
Agora, levando em conta o baixo número de novas infecções, não resta praticamente nenhum argumento para manter as restrições drásticas de antes.
Nos últimos dias, Angela Merkel tem observado, por vezes incrédula, como um político estadual atrás de outro anunciava um rápido relaxamento nas restrições – dos jardins de cerveja na Baviera a hotéis em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
Agora, Merkel colocou a responsabilidade pelo que pode acontecer justamente no colo deles: os estados. Se o número de infecções voltar a aumentar rapidamente, serão as autoridades estaduais que terão de decidir sobre novas restrições e o distanciamento social. Foi nisso que a chanceler federal insistiu.
É óbvio que Merkel está cética sobre se tudo isso vai funcionar. Ela teve de suportar acusações de que estaria tratando a população como crianças.
Merkel está sendo celebrada no exterior, mas em casa aquele forte apoio à premiê, por ora, parece desaparecido. Esta é uma das razões pelas quais ela decidiu agora dar a sua bênção à experiência social em grande escala. Sim, muita coisa será, na medida do possível, reaberta, mas o distanciamento e as máscaras permanecem obrigatórias.
Em outras palavras: até agora, o Estado obrigou os alemães a diminuírem o ritmo por causa da pandemia, e a grande maioria das pessoas obedeceu de bom grado. Agora depende de cada indivíduo. Isso – ou coisas semelhantes – já está acontecendo em muitos países neste momento.
O que nós, alemães, aprendemos nestas semanas: as coisas são voláteis, mudam dia a dia. As máscaras faciais, descritas pelos especialistas como bastante inúteis no início da pandemia, dominam agora o cenário nas ruas.
As pessoas ficam espantadas com o poder que os 16 estados têm na Alemanha. A abordagem bastante hesitante e cautelosa da chanceler dificilmente é igualada pela força vinda dos estados federais, que pressionaram pela reabertura.
Que a Bundesliga – com jogadores em quarentena e testes exclusivos para o vírus – seja em breve autorizada a ter partidas novamente é uma das muitas imposições nestes tempos confusos.
Agora será o verdadeiro teste para os alemães, que até hoje atravessaram a pandemia de forma tão suave. Deste momento em diante, será necessária a cidadania, um sentido de responsabilidade: manter a distância, talvez ainda mais do que antes, usar máscaras, cuidar sobretudo das pessoas que possam ser vítimas de um eventual afrouxamento demasiadamente rápido. Os grupos de risco, os idosos, os anteriormente doentes. Espero que consigamos resolver esta questão.
O que não pode acontecer: que se espalhe a sensação de que o fantasma se foi, de que a vida continua como antes. Este vírus vai durar muito tempo ainda.
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