A cada minuto, se perde o equivalente a cerca de 30 campos de futebol em florestas. Ou seja, até que você, caro leitor ou cara leitora, tenha lido este texto até o final, uma área florestal de cerca de 100 campos de futebol terá sido destruída – às vezes, para sempre. Esses números não vêm de cálculos abstratos, mas se baseiam na avaliação de imagens de satélite e foram compilados e publicados pelo projeto Global Forest Watch.
Enquanto isso, toda criança sabe da importância das florestas globais para o equilíbrio ecológico do nosso planeta. Um detalhe: em todo o mundo, somente as florestas tropicais absorvem cerca de um terço das emissões humanas de gases do efeito estufa. Não é por acaso que elas são consideradas os pulmões verdes do nosso planeta. O fato de que essas áreas estão encolhendo ano a ano deveria nos alarmar.
Não se trata aqui de fenômenos temporários, como incêndios florestais ou agricultura itinerante, nos quais as áreas destruídas são reflorestadas mais tarde. Aqui se fala em desmatamentos permanentes: as florestas – sobretudo na Ásia e na América Latina – se tornam pastagens e plantações. As florestas tropicais são derrubadas para satisfazer nossa fome não apenas por madeira tropical barata, mas sobretudo por carne, soja, biocombustíveis e óleo de palma.
É muito fácil se limitar a apontar o dedo para governantes distantes, como o presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, mesmo que ele diga abertamente não estar preocupado com a proteção ambiental e climática. No entanto, o comportamento individual do consumidor também exerce influência sobre o desmatamento permanente de florestas que estão a milhares de quilômetros de distância de seu próprio local de residência – com consequências graves.
No Brasil, comunidades indígenas são expulsas violentamente de suas aldeias para dar lugar a fazendas. Na Indonésia e na Malásia, os orangotangos estão ameaçados de extinção. Mas para além destas implicações locais, a perda de áreas de floresta traz consequências para cada pessoa no planeta. Em outras palavras: quem aceita pacificamente o desmatamento florestal está a um passo de jogar no lixo as metas climáticas nacionais e internacionais.
Não somente o recente movimento #FridaysForFuture prova que a proteção climática já chegou à consciência de muitas pessoas. Muitos estão dispostos a se envolver e a questionar seus hábitos de consumo: as lâmpadas antigas são substituídas por lâmpadas LED modernas, e a geladeira antiga é substituída por um modelo mais eficiente em termos energéticos – e que, além disso, é bem mais bonito.
Mas de que servem todos esses novos e modernos produtos se não se agir mais resolutamente a nível mundial contra o desmatamento das florestas? Para nós, os consumidores, seria melhores se houvesse informações claras sobre a destruição de florestas para a produção de um produto. Mas isso está longe de se tornar realidade.
Pelo contrário: até mesmo as frutas de smoothies orgânicos seriam originárias de cultivos feitos em áreas desmatadas ilegalmente, de acordo com um relatório da organização ambientalista Amazon Watch. Então, se não podemos ter certeza de que nossos produtos são provenientes de produção sustentável ou de áreas desmatadas, deveríamos limitar seu consumo. Isso pode soar como uma renúncia, mas ajuda a proteger as florestas. Porque não importa onde a árvore esteja e possa continuar crescendo: ela protege nosso clima não importa onde moremos.
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