A Alemanha prospera nas vésperas das eleições parlamentares de 24 de setembro. Sua economia continua a ser um ponto de referência para os vizinhos. Sua política energética e sua política de refugiados merecem respeito. Angela Merkel demonstrou ser uma estadista.
Nas últimas cúpulas do G7 e do G20, a chanceler participou como a líder ocidental mais experiente. Com EUA e Reino Unido recuando, França e Itália se recuperando, Rússia e Turquia a caminho do autoritarismo (seguidos por Polônia e Hungria), China e Índia emergindo, o próximo chanceler enfrentará desafios sem precedentes e, portanto, terá maiores responsabilidades em todas as frentes.
Tanto dentro como fora das fronteiras europeias, a instabilidade é onipresente. Um anel de amigos se tornou um anel de fogo. Raramente a necessidade de uma ação europeia unificada foi tão clara.
Ao longo da última década, Merkel transformou a Alemanha de "o homem doente da Europa" em um motor de crescimento. Berlim deve agora ajudar Bruxelas a transformar a Europa de uma situação de recuperação numa âncora de estabilidade no mundo. Quanto mais forte for a Europa, mais forte será a Alemanha, e vice-versa. Isso exige liderança!
A boa notícia é que há espaço para levar a Europa adiante, devido a uma ruptura no ciclo eleitoral que culminará com as eleições europeias de 2019 e a resultados positivos em eleições recentes. Eurocéticos foram derrotados na Espanha, na Áustria, na Holanda, na França e, esperamos, logo na Alemanha.
Confrontados com as consequências inquietantes do referendo do Brexit, assim como com as da eleição de Donald Trump, os cidadãos europeus estão mudando sua mentalidade. As pesquisas mostram que o apoio à UE vem crescendo substancialmente. Dezenas de milhares estão indo às ruas pela iniciativa Pulso da Europa.
Este é um momento decisivo. A Comissão Europeia e o Parlamento Europeu têm muitas propostas na mão, aguardando a aprovação dos Estados-membros. Devemos aproveitar esta janela de oportunidades para realizar reformas.
Existem três pilares principais de reforma nos próximos meses.
Primeiro: segurança e defesa. Devemos intensificar o intercâmbio de informações entre as autoridades responsáveis pela aplicação das leis, criar capacidades de defesa conjuntas e dar poder a um verdadeiro ministro europeu do Exterior.
Em segundo lugar, empregos e crescimento. Devemos alcançar a governança da zona do euro, garantir a convergência social e fiscal e ter um orçamento europeu digno do nome. Devemos também moldar a globalização e a digitalização, os dois principais fatores por trás do desencanto de muitas pessoas.
Terceiro, valores e democracia. Temos de condicionar o recebimento de recursos ao respeito às regras da UE, incluindo o Estado de Direito e aproximar a UE de seus cidadãos.
No passado recente, os europeus criaram políticas visionárias, como a zona do euro e a área de Schengen, sem os recursos institucionais e financeiros necessários para fazê-los funcionar adequadamente. Já é hora de corrigir essas falhas. Mais de três quartos dos cidadãos da UE acreditam que a UE deve fazer mais na luta contra o terrorismo e contra o desemprego. O que estamos esperando?
A União Europeia foi, é e será a melhor maneira de proteger nosso modo de vida. A União Europeia é um projeto único de paz e prosperidade, segurança e solidariedade. Para viver de acordo com nossos ideais, é fundamental agir agora e entregar resultados concretos.
Todos compartilhamos a mesma ambição, que é a de relançar o projeto europeu. Apenas uma União Europeia forte, autoconfiante e vibrante pode defender seus interesses geoestratégicos. Nas próprias palavras de Merkel, "nós, europeus, devemos realmente tomar nosso destino em nossas próprias mãos". Vamos unir forças para preparar a Europa para o futuro, para garantir que a Europa lidere o mundo livre, para fazer Europe first!
Viviane Reding é deputada no Parlamento Europeu e ex-vice-presidente da Comissão Europeia