Programa nuclear
2 de outubro de 2009A primeira rodada de negociações em um ano não estava sendo esperada com grande expectativa. Mesmo que, pela primeira vez, os Estados Unidos estivessem plenamente representados.
Uma série de incidentes parecia envenenar a atmosfera: o Irã admitiu a construção de outra unidade de enriquecimento de urânio e empreendeu testes com mísseis de médio alcance a fim de demonstrar seu poder bélico. Isso tornou cada vez mais improvável o sucesso da oferta de diálogo feita pelo presidente norte-americano, Barack Obama.
No entanto, as conversações em Genebra revidaram tal visão pessimista: seu prosseguimento foi anunciado para o final de outubro e até lá deverá ser tomada uma série de passos positivos.
Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), por exemplo, poderão avaliar em detalhes a nova unidade de enriquecimento de urânio. E o Irã aceitou enviar urânio já enriquecido para que continue a ser processado na Rússia.
Se esses pontos forem cumpridos, ficam desacreditados todos aqueles que, nos últimos dias, cobravam sanções adicionais e um tratamento mais rígido perante o Irã. Trata-se, em primeira linha, dos europeus. Russos e chineses mantinham uma postura de reserva ou reprovação, e Obama ao menos garantiu que, por enquanto, não retiraria sua oferta de diálogo. Em Genebra, ele reforçou esse ponto, mas espera que Teerã agora realmente coopere.
O Irã parece determinado a tal – pelo menos temporariamente. Pois a verdade é que o passado mostrou repetidas vezes que Teerã se torna flexível sempre que se aproxima o vencimento de um ultimato. Agora não foi diferente: a ideia era esperar até o fim de setembro para definir novas medidas. No momento, essa ameaça está afastada: as negociações continuam e o Irã ganhou tempo, sem se desviar um só milímetro de sua posição inicial.
Autor: Peter Philipp
Revisão: Augusto Valente