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Opinião: Mais solidariedade no Dia do Trabalho!

Rolf Wenkel
1 de maio de 2016

Sindicatos da Alemanha aproveitam o 1º de Maio para conclamar a sociedade a ser mais solidária: os nacionais com os refugiados, os fortes com os fracos. Apelo merece ser levado a sério, reivindica jornalista Rolf Wenkel.

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Rolf Wenkel é jornalista da DW
Rolf Wenkel é jornalista da redação de economia da DW

Neste domingo (01/05), uma tradição celebrada em numerosos países completa 126 anos: o primeiro dia de maio pertence aos trabalhadores e a todos aqueles com vínculo empregatício.

Em 14 de julho de 1889, um congresso trabalhista internacional em Paris determinou que os trabalhadores deveriam ir às ruas num determinado dia para reivindicar a jornada diária de oito horas. Como a Associação dos Trabalhadores dos Estados Unidos já marcara uma manifestação do gênero para 1º de maio de 1890, a data foi adotada.

Desde então, esse é o dia do movimento trabalhista. Que bem rápido perdeu sua inocência: na Alemanha, ninguém menos do que os nacional-socialistas o declararam feriado oficial, instrumentalizando-o para grandes passeatas e para a própria propaganda ideológica, enquanto os sindicalistas desapareciam nas prisões e nos campos de concentração.

Também nos países do extinto bloco oriental, o Dia do Trabalho foi pervertido: ele servia para desfiles em "passo de ganso", com carros blindados e mísseis, enquanto os sindicatos se degeneravam em meros apêndices do Estado e do Partido Comunista.

E hoje? Por ocasião do 1º de maio de 2016, a Confederação Alemã de Sindicatos (DGB) lançou a palavra de ordem: "Hora de mais solidariedade!" Um slogan oportuno, pois o país se encontra diante de grandes tarefas: centenas de milhares buscaram na Europa o refúgio diante da guerra e do terrorismo, e a maioria quer vir para a Alemanha – onde, porém, deparam-se com ódio e hostilidade.

Os sindicatos alemães querem combater esse estado de coisas. Eles conclamam o povo a ir às ruas em nome da integração no trabalho e na sociedade, a se manifestar por uma sociedade livre, aberta, solidária e democrática.

"Não se pode jogar os refugiados e os cidadãos do país uns contra os outros", diz o manifesto da DGB para este 1º de maio. Também por isso a organização exige: nenhuma exceção relativa ao salário mínimo, nada de rebaixamento dos padrões de proteção trabalhista.

No entanto, tais exigências são sustentadas por uma base cada vez menor de afiliados. Nos sindicatos é como nas Igrejas e nos clubes esportivos: os sócios estão indo embora, não há renovação dos quadros e as mulheres estão sub-representadas.

Em 1990, quando a Confederação Sindical Alemã Livre (FDGB), da antiga Alemanha Oriental, dissolveu-se, fundindo-se com a DGB, a associação que reúne os sindicatos do país possuía 11 milhões de associados. Em 2001 a cifra não chegava a 7,8 milhões, em 2015 eram apenas 6,1 milhões.

Pergunta: qual é o nome do presidente da DGB? Um cidadão alemão possivelmente não sabe ou não se lembra de sopetão. Antes era diferente, e na verdade é trágico os sindicatos perderem cada vez mais seu significado na consciência pública. Pois, na última década e meia, eles fizeram muito para que, de doente crônico da Europa, a Alemanha se transformasse em locomotiva de todo um continente.

Os sindicalistas contribuíram decisivamente para conter o alastramento do desemprego durante os anos de crise econômica. Eles lutaram pela jornada reduzida e por programas conjunturais; durante anos sacrificaram as próprias exigências salariais em favor da segurança empregatícia; fecharam acordos tarifários por essa segurança e alianças para o trabalho. Mas quase ninguém honrou devidamente esse engajamento dos sindicatos.

E hoje? A solidariedade sindicalista das últimas décadas também contribuiu para que a Alemanha se transformasse num polo de atração para os que procuram refúgio, gente escapando de guerras, de guerras civis, de perseguição política ou racista. Por isso o país tem responsabilidade de acolher e de dar um processo decisivo justo e ágil para as solicitações de asilo; e responsabilidade também pela integração dos refugiados.

Por isso "Hora de mais solidariedade!" é um slogan adequado para o 1º de Maio. Os sindicalistas querem encarar os desafios da política de refugiados, eles exigem ofertas abrangentes de cursos de idioma e de integração, treinamento e aperfeiçoamento profissional, apoio às comunidades que se empenham pela integração.

E valorizam a constatação de que a política para refugiados não pode ser explorada para confrontações de política partidária. Só resta torcer que esse engajamento seja levado mais a sério e seja mais reconhecido do que nos últimos anos. Que os sindicatos o merecem, não há dúvida.