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Opinião: Nós vamos conseguir!

Dagmar Engel
31 de agosto de 2016

Veredicto sobre a política migratória de Merkel será dado pela história. E nela estará escrito que os alemães tiveram coragem de ajudar refugiados em necessidade, opina a chefe da sucursal de Berlim da DW, Dagmar Engel.

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Dagmar Engel é chefe da sucursal de Berlim da DW

E vocês também vão conseguir: lidar por mais uma vez com essa frase do ano, apesar de praticamente qualquer um já ter escrito ou falado algo sobre ela, inclusive você, caro leitor. Mesmo se você está entre aqueles em que esta frase faz subir a pressão arterial: você vai conseguir. Assim como tudo aquilo que já conseguimos realizar.

Por exemplo, registrar aproximadamente 1 milhão de refugiados. Embora parecesse durante meses que isso não seria possível. No processo aprendemos que nós alemães obviamente superestimamos completamente nossas qualidades administrativas. Mas após o caos total no inverno, o Departamento Federal de Migração e Refugiados (Bamf) conta com milhares de novos funcionários para ajudar a criar uma cultura de uma organização controlável e que foque no desempenho. A meta é o final do ano, segundo seu chefe, Frank-Jürgen Weise.

A maioria dos refugiados pôde deixar os ginásios esportivos e foi acomodada nos municípios. Em julho, governo federal, estadual e municipal conseguiram chegar a um acordo – um aporte financeiro extra de 7 bilhões de euros aos municípios pelos próximos três anos. Apesar de tudo isso, o Estado alemão alcançou um superávit de mais de 18 bilhões de euros no primeiro semestre de 2016. Economicamente, aparenta ser fácil conseguir.

Nos últimos 12 meses, experimentamos uma íngreme curva de aprendizagem. Vivenciamos uma onda surpreendente de solidariedade e conseguimos, apesar de tudo, aceitar que nós alemães estamos longe de sermos perfeitos: tivemos que reconhecer que neste país rico e seguro existem pessoas com um imenso medo de perda, e que há outras que aproveitam isso para explorar suas retrógradas agendas políticas.

Ao menos, estamos conseguindo não nos abster mais desta discussão – apesar da aversão fundamental dos alemães em relação a este debate. Há muito tempo não havia tanta controvérsia neste país. Isso é bom: democracia significa conflito; é preciso batalhar pelas decisões. Nós conseguimos sair da nossa zona de conforto do consenso eterno – a primeira condição para evoluir.

E, neste processo, a maioria de nós conseguiu se afastar da ideia de um Estado nacionalista etno-alemão – de qualquer forma, uma ilusão eterna. Desde o início do Estado alemão houve imigração nas mais diversas formas.

O veredicto sobre a política alemã de refugiados será feito pela história. E nela estará escrito que os alemães tiveram a coragem de ajudar refugiados em necessidade – contra todas as formas de relutância, apesar de todos os problemas e as grandes dificuldades. Estará escrito que os alemães aproveitaram o momento: em 2015, eles começaram a escrever uma história de sucesso. E eles conseguiram.

A jornalista Dagmar Engel é chefe da sucursal de Berlim da DW