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Opinião: Trump deveria apresentar provas do que diz

Michael Knigge
6 de março de 2017

Para um chefe de Estado dos EUA, é bem fácil provar que foi espionado por seu antecessor. Então por que não o faz, em vez de se queixar no Twitter?, questiona Michael Knigge.

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Michael Knigge é jornalista da DW
Michael Knigge é jornalista da DW

O presidente Donald Trump lançou a severa – e infundada – acusação de que seu antecessor, Barack Obama, teria mandado grampear seus telefones na Trump Tower durante a campanha eleitoral. Através de um porta-voz, Obama rechaçou a imputação.

Deixe-se de lado o fato de que um presidente não costuma ordenar pessoalmente o monitoramento de um cidadão americano, pois normalmente tal processo passa pelo sistema secreto do tribunal de vigilância e inteligência Fisa.

Deixe-se de lado os obstáculos legais e políticos envolvidos nesse tipo de vigilância contra um candidato presidencial, que seriam bem difíceis de transpor. E deixe-se de lado como parece atípico um político sóbrio e analítico como Obama ordenar ou apoiar uma medida dessas, por sua própria conta e risco ou sem boa causa legal.

Apesar de tudo isso, permanece o fato de que se trata, essencialmente, da palavra de Trump contra a de Obama, e é impossível para o público saber com certeza quem disse a verdade, quem não.

O que se sabe é que o serviço secreto dos Estados Unidos acredita que a Rússia esteve por trás da invasão aos computadores do Comitê Nacional Democrático, e que o FBI está investigando as possíveis conexões russas de diversos indivíduos associados à campanha de Trump.

Há um meio bem simples para Donald Trump provar que está certo, e Obama, errado: ele pode ordenar que todo o material relevante sobre o potencial grampeamento de seus telefones na Trump Tower deixe de ser confidencial e seja divulgado.

Como presidente, ele dispõe de poder executivo para confidencializar ou não informações. Essa prerrogativa foi estabelecida e sustentada pelos tribunais, e dá ao chefe de Estado ampla margem para escolher o que deve ser tornado público ou mantido secreto.

Para Trump, que muitas vezes parece superestimar seus poderes presidenciais, ser a única instância decisória e árbitro dos segredos americanos pode ter certo apelo, pois é algo que ele pode usar para salientar seu poder pessoal.

Além disso, provar um erro de seu antecessor não só humilharia publicamente Obama, mas também significa apuros legais potenciais para ele. Ambas são táticas que Trump empregou aberta e repetidamente durante sua campanha.

Então, em vez de lamentar no Twitter sobre sua suposta vitimização nas mãos de Obama, o presidente Trump poderia e deveria simplesmente decretar a liberação de todo o material concernente a suas acusações. Uma vez que, do ponto de vista dele, tal divulgação só parece trazer vantagens, se ele não o fizer, uma pergunta se impõe: por quê?

O jornalista Michael Knigge é correspondente da DW em Washington.