Após o ataque de drones às instalações petrolíferas da Arábia Saudita no leste da Península Arábica, "fontes" americanas foram rápidas em acusar o Irã de ser o culpado pelo atentado. No entanto, tais fontes não conseguiram ou não quiseram fornecer provas, como em casos anteriores com suposta participação iraniana.
Embora Donald Trump não tenha aderido imediatamente às acusações contra Teerã, suas palavras mais tarde foram suficientemente claras: segundo o presidente, os Estados Unidos estariam "com as armas preparadas", mas iriam primeiro conversar com os sauditas sobre como responder a esse ataque.
Ao mesmo tempo, Trump assegurou que seu país ajudaria a evitar gargalos internacionais no fornecimento de petróleo. Por esse motivo, ele disse já haver dado instruções para recorrer, caso necessário, às reservas emergenciais americanas.
O atentado, pelo qual os iemenitas houthis assumiram a responsabilidade, poderia de fato ter consequências dramáticas para o setor energético global, já que as instalações petrolíferas que foram seriamente danificadas e incendiadas durante o ataque são as maiores do gênero no mundo.
Por enquanto ainda não estão claras quais consequências militares e de outra natureza se devem temer na própria região. Mas certamente seria muito fácil e errôneo aceitar de bom grado as acusações americanas contra Teerã. Especialmente com o adendo que se escuta agora com frequência: "porque o Irã fornece armas para os houthis".
Essa afirmação já é conhecida há anos – mas isso torna o Irã automaticamente culpado? Até agora, nada se sabe sobre militares iranianos ou mesmo "apenas" especialistas militares no Iêmen apoiando os houthis. Os sauditas, por outro lado, são chamados abertamente pela liderança americana de "nossos aliados".
E Washington também apoia abertamente esses aliados em sua guerra de mais de quatro anos no Iêmen. Com armas americanas, bombardeiros americanos e inteligência americana, a coalizão liderada pela Arábia Saudita ataca o território iemenita numa guerra que até agora custou a vida de pelo menos 10 mil civis.
Portanto, a tese do "fornecedor de armas como autor do crime" poderia ser aplicada com a mesma facilidade a Washington. Especialmente porque os EUA também são a força motriz por trás da "campanha de informação" na guerra do Iêmen, de que os sauditas estariam apoiando o legítimo governo iemenita do presidente Abed Hadi e ajudando o país a se defender contra os houthis apoiados pelo Irã.
Não houve uma única palavra, porém, sobre Hadi já ter renunciado há muito tempo, bem como nenhuma menção sobre ele passar mais tempo na Arábia Saudita do que no Iêmen.
No passado, eram frequentes as tensões entre a população xiita na área da fronteira norte – a região dos houthis – e os sauditas. E o faminto por ação e sanguinário (o assassinato de Khashoggi!) príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, achava que poderia dessa forma resolver antigas pelejas, colocando o Iêmen sob controle saudita.
Com o que o príncipe saudita não conseguiu alcançar em quatro anos, o Irã não poderia sequer sonhar: Teerã nunca esteve diretamente envolvido militarmente numa região tão remota, e a importância estratégica, por exemplo, do Estreito de Bab el Mandeb certamente não seria uma justificativa.
Washington deve saber de tais coisas. Talvez isso explique a hesitação de Trump. Especialmente porque ele também tem outro motivo: ele havia acabado de fazer circular a ideia de que poderia se encontrar com o presidente iraniano, Hassan Rohani.
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