Opinião: Turquia tem que rever prioridades
13 de janeiro de 2016Por estes dias, pesadelos se tornam reais na Turquia. O terrorismo chegou à megalópole Istambul, o que não é surpresa. Na Alemanha, o medo é grande, pois turistas alemães são a maioria das vítimas do ataque terrorista mais recente. Agora, muitos alemães vão perceber que também são afetados quando – para citar Goethe – "bem longe, na Turquia, os povos se enfrentam".
Pois foi exatamente isso que aconteceu, e com virulência cada vez maior. Três ataques terroristas de grandes dimensões, com quase 150 mortos, ocorreram na Turquia nos últimos sete meses. As vítimas são militantes de esquerda e curdos. Os agressores eram seguidores da milícia terrorista que se autointitula "Estado Islâmico" (EI).
Ao mesmo tempo, uma guerra civil não declarada entre forças de segurança turcas e militantes curdos do PKK assola as regiões curdas da Turquia. Os conflitos já custaram centenas de vidas. Os mortos são terroristas do PKK, insiste o governo. Já os curdos falam em muitas vítimas civis.
A Turquia está em guerra contra os terroristas. O foco está na guerra contra os curdos do PKK, mas os piores atentados contra civis foram executados pelo "Estado Islâmico".
Desta vez, turistas alemães foram atingidos, e o choque e a consternação são grandes na Alemanha. Por que alemães? Provavelmente acaso, em conformidade com a lei da probabilidade: os alemães são o maior grupo de turistas na Turquia, com 5 milhões de visitantes todos os anos, e porque, atingindo o turismo, atinge-se uma base importante da economia turca.
Segundo o governo turco, o homem-bomba de Istambul é um seguidor do "Estado Islâmico" – de novo. Por anos o Estado turco tolerou, protegeu e muitas vezes até apoiou militantes islamistas, afirmaram meios de comunicação críticos nos últimos anos. O governo em Ancara sempre rejeitou essas acusações, e hoje a liderança turca praticamente não precisa mais temer esse tipo de acusação, pois eliminou o jornalismo crítico na Turquia. Esse também é um aspecto do atual pesadelo turco.
Agora chegou a hora de os aliados de Ancara agirem: eles devem pressionar para que a Turquia combata o terrorismo islâmico de forma bem mais enfática e para que o conflito interno com os curdos do PKK não seja decidido nas armas, mas com diálogo. Se esses dois pontos foram implementados, então há esperança de que o terrorismo – seja ele de que forma for – seja combatido de forma eficaz e de que a Turquia não descambe de vez para a guerra civil.