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É hora de solidariedade com a China, não de racismo

Dang Yuan
31 de janeiro de 2020

Fazer comentários racistas sobre supostos hábitos de alimentação e higiene dos chineses ou olhar torto para asiáticos tossindo não serve para nada, afirma Dang Yuan, da redação chinesa da DW.

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Desenho de dragão chinês com máscara antigermes
Coronavírus se alastra (charge de Sergey Elkin)

Um passageiro chinês começou a tossir a bordo de um voo da Lufthansa de Frankfurt para a China, criando a maior confusão ao seu redor, nesta quarta-feira (29/01). A situação não melhorou nada depois de ele declarar que, duas semanas antes, estivera em Wuhan, a metrópole que é o epicentro do surto de coronavírus e que foi isolada pelas autoridades locais.

A confusão chegou até a cabine. O capitão, porém, permaneceu calmo e seguiu viagem, pousando sem problemas no seu destino. A tripulação e os passageiros das poltronas perto do chinês foram logo examinados. Horas depois veio o alívio: ninguém estava infectado pelo coronavírus.

A rápida propagação desse vírus potencialmente letal deixa gente de todo o mundo insegura. E a ampla cobertura da mídia sensibilizou para o problema. Só que muitas vezes a distância entre sensibilização e reação exagerada pode ser curta: asiáticos tossindo logo viram alvo de olhares ameaçadores, como se todos fossem portadores do perigoso coronavírus 2019-nCov. Em Hamburgo, um deles foi alvo de insultos racistas.

"Ih, você está com o vírus da China?" é uma pergunta comum nestes dias. Basta um nariz escorrendo. A expressão "vírus da China" joga a culpa sobre quem é vítima: a China é o país que mais sofre com o surto e está fazendo um enorme esforço, com uma transparência única, para quebrar a onda de infecções.

Na China, evita-se usar a expressão "vírus de Wuhan" pois estigmatiza toda uma cidade. Não são os moradores de Wuhan que transmitem a doença ou espalham o pânico, mas o vírus, que poderia ter surgido em qualquer lugar do planeta.

Em Wuhan, onde as autoridades aconselham os residentes a não saírem de casa, milhões dão prova de disciplina e sacrificam sua liberdade de ir e vir para que a doença não se espalhe ainda mais. Vídeos mostram moradores de um bairro que se comunicam por megafones em vez de se encontrarem.

A melhor proteção contra uma infecção é lavar as mãos com frequência, é sobretudo assim que se minimiza o risco. Segurança total não existe, muito menos num mundo tão globalizado, em que não só pessoas e produtos, mas também agentes patogênicos, viajam ao redor do planeta em poucas horas.

Afastar-se de indivíduos de aparência asiática não oferece nenhuma proteção adicional. O coronavírus não precisa de visto para entrar num país e não escolhe suas vítimas pelo tamanho do nariz ou formato dos olhos.

Neste momento, a palavra de ordem é solidariedade. Enquanto não se souber exatamente onde o vírus surgiu, de nada servem acusações de culpa, pânico e muito menos comentários racistas sobre supostos hábitos de alimentação e higiene dos chineses.

Pelo que se sabe até agora, o coronavírus não é mais perigoso do que, por exemplo, as ondas de gripe que atingem a Alemanha todos os anos. Vamos, portanto, superar as barreiras emocionais e analisar a situação de forma serena e racional, para chegar a recomendações de ação sensatas.

Em chinês, afinal, a Alemanha se chama De Guo: Terra da Moral.

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