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Ômicron, a próxima rodada do coronavírus

29 de novembro de 2021

O mundo está alarmado desde que a África do Sul informou sobre a variante ômicron. A reação dos países desenvolvidos mostra por que não estamos mais avançados na luta contra a covid-19, escreve Frank Hofmann.

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Imagem mostra seringas com a palavra "ômicron" ao fundo.
"A Europa, onde o vírus vem comemorando um recorde após o outro, é um terreno fértil para a próxima mutação"Foto: DADO RUVIC/REUTERS

Regiões onde a covid-19 pode se espalhar quase sem controle e onde a imunização é muito baixa formam um terreno fértil para que o vírus se desenvolva ainda mais. Em outras palavras, ele se torna ainda mais infeccioso e perigoso. Isso é indiscutível e é bem possível que a nova variante ômicron siga este teorema: Que ele é um resultado de a parte rica do mundo ter fornecido poucas vacinas aos países mais pobres até o momento.

Mas isso é apenas uma parcela da verdade sobre o vírus que faz os homens encararem a si mesmos, mais uma vez. Muito mais importante é entender: O problema somos nós. E isso agora é novamente evidente na reação às primeiras notícias sobre essa variante.

Racismo em vez de apoio

Especialistas em saúde da África do Sul alarmaram o mundo na semana passada. Eles tornaram públicas as suas descobertas sobre a variante B 1.1.529. Eles fizeram o que Michael Ryan, diretor do programa de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), diz desde março de 2020: "A velocidade supera a perfeição. O maior erro é não se mover de nenhuma forma. Se tivermos que acertar tudo antes de nos mover, nunca venceremos".

O mundo deveria agradecer aos sul-africanos por terem feito exatamente isso no momento: por terem o know-how para controlar pandemias, inclusive a análise da carga viral nos esgotos. Certamente também é correto suspender por enquanto os voos dos países do sul da África. Porque é indiscutível que o vírus está se espalhando rapidamente em um mundo conectado.

Mas o que ocorre em seguida? Onde estão os aviões que deveriam estar voando na direção oposta, trazendo vacinas e especialmente os novos medicamentos baseados em anticorpos para o sul da África? Os especialistas na África do Sul podem fazer muito, mas suas possibilidades também são finitas. Isso se trata também de apoio logístico para os países vizinhos e para toda a região. Na verdade, algo muito diferente está acontecendo, também na Alemanha. Aqui, os jornais falam de um "vírus sul-africano" e apresentam uma foto de pessoas negras ao lado da manchete, mostrando ao mundo, acima de tudo, o seu puro racismo.

Europa é terreno fértil para a próxima variante

Em seu discurso de abertura na sessão plenária da OMS na segunda-feira, o secretário-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deixou claro mais uma vez que, além da rapidez, apenas uma estreita cooperação internacional pode nos conduzir para o fim desta pandemia. Os "impulsos de isolacionismo, rivalidade, suspeita e desconfiança" são razões pelas quais o mundo ainda está perseguindo o vírus dois anos após o início desta pandemia, disse ele. E Tedros pode ter pensado na Alemanha, onde a era Angela Merkel está terminando e um novo governo está sendo formado: "A miopia dos ciclos eleitorais e da mídia" são veneno para um controle pandêmico bem sucedido.

A Europa, que é especialmente rica e atualmente é mais uma vez o epicentro desta pandemia global, deveria ouvir com atenção. Na África do Sul, a nova mutação do vírus que causa a covid-19 foi descoberta pela primeira vez na província de Gauteng. Ainda não está claro se ela foi introduzida lá ou se surgiu lá. Mas uma coisa nós sabemos, as taxa de vacinação e o nível de imunização após um surto de covid-19 são tão baixos em Gauteng como em muitas regiões da Europa, onde o vírus, na sua variante delta, vem comemorando um recorde após o outro há três meses. É um terreno fértil para a próxima mutação.