Oposição alemã critica envio de aviões à Síria
27 de novembro de 2015A oposição alemã criticou o anúncio do governo alemão de que apoiará com o envio de aviões de reconhecimento os ataques aéreos ao "Estado Islâmico" (EI) na Síria.
As reações vão de dúvida sobre a eficácia desse tipo ação, como expressou o Partido Verde, até ameaças de veto à proposta, como declarou A Esquerda, que considera incogitável a participação alemã na operação militar contra o EI.
Para Dietmar Bartsch, líder da bancada parlamentar dos esquerdistas, a paz não será alcançada com bombas. "Se bombardearmos Raqqa e outras cidades ou ajudarmos nisso, cada civil morto servirá de base para dez novos terroristas", afirmou Bartsch em entrevista à DW.
O deputado afirmou que há outras formas de combater o "Estado Islâmico" e citou como exemplos a interrupção do financiamento do grupo, o combate ao contrabando de petróleo e armas, além de uma solução definitiva para os conflitos no Iraque, na Síria e também para os que envolvem os curdos. Segundo ele, todos os outros caminhos apenas intensificam o terrorismo.
Bartsch, assim como outros integrantes de A Esquerda, acusa o governo de não ter aprendido com os erros da missão da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) no Afeganistão. "Lá a guerra contra o Talibã e o terrorismo já dura 13 anos, e agora o Talibã voltou", disse o líder da bancada. Para ele, o EI não será vencido por meios militares, e a participação alemã na coalizão internacional que combate os jihadistas só aumentará o ódio.
Verdes pedem estratégia ampla
Apesar de não rejeitar a proposta governamental, o Partido Verde criticou a estratégia adotada contra o EI. "Combate-se somente os sintomas, o que não elimina o centro do problema", afirmou Omid Nouripour, porta-voz de política externa da bancada parlamentar dos verdes, à emissora de rádio Deutschlandradio.
Nouripour disse também sentir falta de uma base legal para a missão militar. Ele disse concordar em linhas gerais com operações militares contra o "Estado Islâmico", mas que elas devem ser realizadas no âmbito de um sistema de segurança coletiva. "Ainda está em aberto como ela seria", acrescentou.
Governo confiante
O deputado Rainer Arnold, responsável por assuntos de Defesa na bancada parlamentar do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), minimizou as críticas. Em entrevista à emissora de televisão ZDF, Arnold disse que uma resolução da ONU para a luta contra o EI, assim como o artigo de autodefesa da Carta das Nações Unidas, fundamentam a operação militar.
"Na Europa há um sistema de segurança coletiva, cujo artigo 42 parágrafo 7 foi evocado pelo [presidente francês] François Hollande", ressaltou Arnold. O parlamentar afirmou ainda que o risco de terrorismo na Alemanha não aumentará com o envio de armas e equipamentos para o combate ao EI.
Arnold defendeu também missões anteriores da Bundeswehr e afirmou que elas foram bem-sucedidas, tendo levado à queda de ditadores na Líbia, no Iraque e no Afeganistão. Segundo o parlamentar, os problemas começaram depois porque os órgãos de segurança locais foram abandonados, o que não pode acontecer na Síria.