Orgão federal criticado por gastar com publicidade
25 de novembro de 2003O caro contrato de assessoria acertado com uma firma de Berlim colocou o presidente do Departamento Federal do Trabalho, Florian Gerster, em maus lençóis. Em princípio, o governo federal deu respaldo a Gerster. O líder da bancada social-democrata no Parlamento, Franz Müntefering, se mostrou compreensivo, destacando a importância de um bom trabalho de divulgação.
Mas a compreensão não é unânime dentro do governo. O ministro da Economia, Wolfgang Clement, cogitou submeter o controverso contrato a uma avaliação jurídica. Os verdes, parceiros de coalizão, fizeram críticas reservadas. Sobretudo a oposição liberal, democrata-cristã e social-cristã repudiaram a medida. O secretário geral da União Social Cristã (CSU), Markus Söder, exigiu uma CPI. Florian Gerster, por sua vez, se recusa a renunciar ao cargo.
Verbas para melhorar a imagem
O Departamento Federal do Trabalho encarregou a firma berlinense WMP de reestruturar a política de comunicação e as estratégias de divulgação e publicidade do órgão. Isso custará aos cofres públicos 500 mil euros no ano corrente e 800 mil euros no próximo.
Além disso, o departamento liberou 25 milhões de euros para financiar uma campanha. A meta é criar uma nova imagem pública do órgão junto à população e divulgar reformas iminentes, como a mudança do nome para Agência Nacional do Trabalho, as novas estratégias de gestão do desemprego e o planejado mercado de trabalho virtual. Ao todo, o Departamento Federal do Trabalho pretende gastar 1,3 milhão de euros com publicidade.
Contrato ilícito?
O valor do contrato não é o único ponto crítico. O fato de a concorrência pública ter sido realizada às pressas, em processo de urgência, levou políticos da oposição a questionar a legitimidade da contratação da WMP, baseando-se em determinações da UE. Florian Gerster e a diretoria da empresa contratada negam que tenham feito um "acerto secreto" e lembram que a cooperação foi divulgada em abril.
Despesas em tempo de desemprego
No entanto, o escândalo em torno da campanha do Departamento Federal do Trabalho também se justifica pelo fato de este órgão corporificar um dos desafios em que o governo deixou muito a desejar até agora, ou seja, a política de combate ao desemprego.
O presidente do Partido Verde, Reinhard Bütikofer, levantou a questão, ao declarar que duvida de que o problema do departamento possa ser resolvido através de contratos com empresas de assessoria. A líder da bancada federal verde, Krista Sager, também questiona se gastos dessa dimensão seriam cabíveis diante da atual situação. Em valores absolutos, defendeu Gerster, esta soma seria "modesta", considerando-se o tamanho da instituição.