Os heróis do dilúvio
22 de agosto de 2002As vítimas da enchente do século na Alemanha dependem da ajuda de diversas fontes. A mobilização das Forças Armadas para minimizar os efeitos da catástrofe é sem precedentes: atualmente são 26.170 soldados, do Exército alemão (a maioria: 25.300), francês e das brigadas franco-alemãs. O equipamento técnico a sua disposição inclui 61 helicópteros, além de 41 aviões de esclarecimento do tipo Tornado.
Além dos funcionários da Defesa Civil, de organizações humanitárias como a Cruz Vermelha, Caritas e Johanniter (afiliados à Ordem de São João), há o Corpo de Bombeiros, que, por exemplo, na Baixa Saxônia, constitui 65% das forças de auxílio. As atividades envolvidas vão do reforço de diques, inspeção das áreas ameaçadas, ao resgate dos atingidos e, cada vez mais, trabalhos de limpeza e arrumação.
A importância dos voluntários
Os voluntários da população civil constituem o último e essencial círculo da cadeia de ajuda humanitária. Esse tipo de ajuda é tão importante que o ministro do Interior, Otto Schily, liberou do trabalho por tempo indeterminado os funcionários públicos que estejam a serviço de uma organização humanitária ou lutando para conter as inundações.
Todo este aparato humano precisa ser mantido bem alimentado. Na cidade de Lauenburg, no norte do país, a Cruz Vermelha prepara diariamente 400 quilos de batatas, 280 quilos de legumes e 3000 salsichas: cada um dos envolvidos nas operações de prevenção e resgate tem direito a quatro refeições diárias. Há 60 homens e mulheres ocupados nas cozinhas móveis, cozinhando e transportando as refeições.
Stefan Fehrmann, responsável pela logística da Cruz Vermelha local, elogia o apoio da população e das firmas particulares ao trabalho das equipes: "Recebemos um carregamento de 22 mil litros de água mineral, uma outra companhia nos doou 45 mil latas de cozido". Fehrmann organiza a distribuição justa e pontual de artigos de todo o tipo: de bujões de gás e xícaras de café a protetor solar e repelente contra os mosquitos.
No geral, as operações de prevenção e resgate transcorrem sem grandes panes, mas com pequenos problemas. Em certos pontos das áreas alagadas faltam, por vezes, ordens claras para os voluntários ou há falhas de abastecimento. Na Saxônia, diversos veículos da Cruz Vermelha, com mais de 30 anos, não puderam ser empregados: as luzes ou radiadores estavam quebrados, ou as baterias vazias. A reclamação mais constante vai contra os obstáculos que estruturas políticas e administrativas pouco flexíveis impõem ao socorro efetivo.