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"Os Simpsons" reacende debate sobre politicamente correto

10 de abril de 2018

Em seu mais recente episódio, série de TV responde a comediante que criticou programa por reforçar estereótipos e racismo com o personagem indiano Apu. Reação é considerada insatisfatória.

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Apu, personagem de The Simpsons
Críticos acusam programa de reforçar racismo com o personagem indiano ApuFoto: Imago Images/Cinema Publishers Collection

No mais recente episódio de Os Simpsons, exibido no último domingo (08/04) Marge Simpson pega seu livro favorito de infância, A Princesa no Jardim. Assim que começa a lê-lo em voz alta para a filha Lisa, Marge percebe que o livro é ofensivo e racista e decide reformulá-lo de modo a obter uma versão mais apropriada para 2018.

Mas o texto resultante não faz mais sentido. Desanimada, Marge diz: "É muito difícil captar o espírito e o estilo do livro... O que devo fazer?"

Lisa volta-se para os telespectadores do programa e responde: "É difícil dizer. Algo que começou há décadas e foi aplaudido e considerado inofensivo agora é politicamente incorreto. O que se pode fazer?"

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As duas sugerem que "algumas coisas serão revistas em um momento futuro, quando muito", enquanto a tela se abre para mostrar uma foto emoldurada de Apu Nahasapeemapetilon, imigrante indiano dono de uma loja e personagem de longa data dos Simpsons. Críticos acusam a série de TV de perpetuar imagens racistas e estereotipadas de imigrantes do sul da Ásia nos EUA.

A cena do último episódio foi a resposta da equipe de produção de Os Simpsons à mais recente polêmica em torno de Apu, iniciada pelo comediante indo-americano Hari Kondabolu. Ele escreveu e estrelou o documentário The Problem with Apu (O problema com Apu), dirigido por Michael Melamedoff e que usa Apu como exemplo de como a mídia reforça estereótipos problemáticos de pessoas originárias do sul da Ásia. 

Para Kondabolu, a resposta de Os Simpsons, conhecido por satirizar temas sociais e políticos atuais, não foi satisfatória. O comediante escreveu no Twitter: "Uau! Politicamente incorreto? Foi isso que ficou do meu filme e da discussão que ele provocou? Cara, eu realmente amava esse programa. Isso é triste."

Ele argumentou ainda que a resposta de Os Simpsons não foi um ataque pessoal a ele. Para Kondabolu, trata-se de um indicativo da difícil evolução das representações midiáticas em resposta a uma mudança da compreensão social de estereótipos e da discriminação.

"Em The Problem with Apu, usei Apu e Os Simpsons como ponto de partida para uma conversa mais ampla sobre a representação de grupos marginalizados e sobre por que isso é importante. A resposta de Os Simpsons desta noite não é um golpe contra mim, mas contra o que muitos de nós consideram progresso", escreveu.

O debate sobre mudanças de conteúdo televisivo, cinematográfico e literário para se adequar aos novos tempos não é novidade. Linguagem abertamente racista costuma ser uma das primeiras coisas a ser eliminada quando um trabalho fictício é revisado.

Até mesmo títulos de alguns livros clássicos parecem absurdos para os padrões de hoje. Um exemplo é o célebre suspense de Agatha Christie E Não Sobrou Nenhum, originalmente intitulado O Caso dos Dez Negrinhos.

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