Os trunfos dos semifinalistas da Liga dos Campeões
23 de abril de 2015Se números, tradição, camisa, estádio e torcida ganhassem jogo, a Liga dos Campeões deste ano terminaria empatada. Na semifinal, estão quatro dos maiores clubes da Europa: Bayern de Munique, Juventus, Real Madrid e Barcelona.
Esses quatro gigantes têm, juntos, 21 títulos de Liga dos Campeões. O Real lidera, com dez, seguido do Bayern, com cinco. O Barcelona tem quatro. E a Juventus, dois. É, sem dúvida, uma das semifinais mais pesadas da história.
Juventus e Barça, por exemplo, somam ao todo sete finais da competição, que começou em 1955. O Real tem 13. E o Bayern, dez. Somando as Copas do Mundo conquistadas pelos três países participantes, são nove títulos — quatro da Alemanha, quatro da Itália, um da Espanha.
Nesta 59ª edição, as campanhas também se assemelham, com a Juventus um pouco atrás no número de vitórias (seis), mas com o mesmo número de derrotas que o Bayern: duas. A melhor trajetória é do Barcelona, que soma um triunfo a mais do que o Real Madrid: nove a oito.
Barcelona: 9 vitórias, nenhum empate, uma derrota. Gols marcados: 23. Gols sofridos: 7.
Real Madrid: 8 vitórias, um empate, uma derrota. Gols marcados: 22. Gols sofridos: 6.
Bayern: 7 vitórias, um empate, duas derrotas. Gols marcados: 30. Gols sofridos: 8.
Juventus: 6 vitórias, dois empates, duas derrotas. Gols marcados: 13. Gols sofridos: 8.
Juventus e a tradição
Com a pior campanha entre os quatro, foi o time que menos marcou gols e, junto com o Bayern, o que mais sofreu. Tem uma equipe forte – ao mesmo tempo experiente, jovem e técnica, que joga de forma compacta e à espera de erros adversários.
O goleiro é Buffon. Na defesa, tem os italianos Chiellini e Bonucci, o uruguaio Cáceres (recupera-se de lesão) e, pela esquerda, o francês Evra. No meio, Pogba, revelação francesa no último Mundial (também lesionado), Marchisio, o talentoso Pirlo e o chileno Vidal, coração e pulmão do setor. No ataque, Tévez.
Não à toa, esse time ruma tranquilamente para o tetracampeonato italiano. A sete rodadas do fim, lidera com folga de 15 pontos sobre a Lazio. E está aí um dos grandes trunfos da equipe: a possibilidade de escalar reservas no Campeonato Nacional e dar a oportunidade aos titulares de descansar.
A Juve reaparece no continente depois de ter sido punida com rebaixamento devido a um escândalo de armação de resultados. Desde 2003, não chegava tão longe — na ocasião, perdeu a final para o Milan. Neste ano, eliminou Borussia Dortmund (oitavas) e Monaco (quartas de final). Campeã em 1985 e 1996, tende a ter dificuldades, mas, fechada e certeira, pode buscar o tricampeonato.
Barcelona não é só o ataque
Há quem diga que o que leva o Barcelona a ter uma pontaria tão hábil é o trio sul-americano Messi-Neymar-Suárez. Competência, precisão, velocidade, técnica e habilidade não lhes faltam. Mas o Barça também tem um meio e uma defesa sólidos, que facilitam as coisas para os três atacantes — e atacam junto a eles.
Nas oitavas e quartas de final, eliminou, respectivamente, dois ótimos times: Manchester City e Paris Saint-Germain. Busca o pentacampeonato em meio à disputa acirrada pelo título espanhol. Hoje, o Barça lidera La Liga com dois pontos de vantagem sobre o maior rival, o Real Madrid: 78 a 76.
Time veloz e de troca de passes precisa, com movimentação intensa desde a defesa, com Piqué, Mascherano e Jordi Alba, passando pelo meio — Iniesta, Rakitic, Busquets, Xavi —, o Barcelona tem na marcação sob pressão, desde o ataque, na compactação e na saída rápida para o setor ofensivo suas melhores armas para avançar à decisão.
Real Madrid: lesões que atrapalham
Time de muita técnica e força, o Real Madrid busca sua 14ª final de Liga dos Campeões. Chegou à semifinal depois de eliminar Schalke 04 e Atlético de Madri — este último aos 42 do segundo tempo. Tem na agilidade e na habilidade do português Cristiano Ronaldo, do mexicano Chicharito Hernandez e do colombiano James Rodríguez algumas de suas principais qualidades.
O meio é forte. Contra o Atlético, por exemplo, o técnico Carlo Ancelotti escalou Sergio Ramos na primeira função, com Kroos ora pelo lado direito, ora centralizado, com liberdade para se movimentar. Isco jogou mais à esquerda, com James Rodríguez próximo a Cristiano Ronaldo e Chicharito. O Real criou, mas, ainda assim, penou para marcar contra um rival muito bem postado. Conseguiu o gol da vaga depois que o Atlético teve um jogador expulso.
O problema para a semifinal está em dois fatores: o primeiro é a disputa direta com o Barcelona pelo Campeonato Espanhol. Isso pode desgastar os jogadores antes da partida de volta. Segundo, as lesões. Alguns dos principais jogadores do time estão no departamento médico. O meia-atacante galês Gareth Bale até pode voltar. O lateral-esquerdo brasileiro Marcelo também deve estar recuperado. Mas o meia croata Modric e o atacante francês Benzema dificilmente estarão em condições de jogo.
Bayern e o trunfo de Guardiola
A exemplo do Real, o Bayern de Munique também chega à semifinal preocupado com lesões. Tamanho número de jogadores contundidos levou ao afastamento da equipe médica depois que Guardiola insinuou a um repórter que perguntasse para o departamento, e não para ele, por que o Bayern tinha tantos machucados.
Os defensores Benatia, Alaba, Badstuber e Bernat, os meio-campistas Schweinsteiger, Javi Martínez e Ribéry, além do atacante Robben, todos estão no departamento médico. Se poderão jogar a semifinal? A princípio, Bernat e Schweinsteiger devem estar à disposição.
Só que o Bayern tem um grupo tão forte e qualificado técnica e taticamente, que, quando precisou reverter um complicado 3 a 1, diante do Porto, ganhou por seis, de forma tranquila, imprimindo velocidade no meio e na frente, com pressão na saída de bola adversária, em um 4-3-3 compacto e ofensivo. O meio-campo teve Xabi Alonso, Lahm e Tiago Alcântara; e o ataque, Götze, Müller e Lewandowski. Não é pouco.
Eis aí o trunfo de Guardiola em relação aos demais técnicos: aparentemente, o grupo do clube bávaro é mais homogêneo que os demais. Saem uns, entram outros, muda-se o esquema, e o time segue jogando com naturalidade e precisão. Além disso, Guardiola é espanhol e jogou na Itália (Brescia e Roma). Conhece bem os adversários.