Otan condena demonstração de força de Moscou
17 de junho de 2015O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou nesta terça-feira (16/06) o anúncio do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de pretender ampliar o arsenal nuclear do país, afirmando que Moscou estaria se envolvendo em atividades potencialmente provocadoras.
"Este 'golpe de sabre' nuclear da Rússia é injustificado. É algo que estamos abordando. É também uma das razões porque estamos elevando a prontidão e a preparação de nossas forças", disse Stoltenberg.
Em resposta às ações russas, o secretário-geral da Otan, após encontro com o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, garantiu que a aliança pode proporcionar "os termos de proteção de todos os aliados contra o inimigo".
Os ministros da Defesa da Otan se reunirão em Bruxelas na próxima semana para discutir planos futuros. É esperado que o secretário de Defesa do EUA, Ashton Carter, atualize seus homólogos europeus sobre as últimas estratégias para a organização.
EUA enviam tanques e Putin responde com ameaças
Mais cedo nesta terça-feira, Putin havia declarado que o governo russo pretende acrescentar 40 mísseis balísticos intercontinentais ao arsenal nuclear do país. A declaração de Putin veio um dia depois do anúncio do plano dos EUA de estacionar tanques e armamento pesado em países-membros da Otan como a Lituânia, que faz fronteira com a Rússia.
"Nós não temos outras possibilidades", disse o ministro da Defesa da Lituânia, Jouzas Olekas. Comparando a situação com a da Ucrânia, ele afirmou que ao fazer nada o país estaria facilitando uma agressão da Rússia.
Autoridades de Moscou condenaram os planos americanos, os quais foram classificados como o ato mais agressivo de Washington desde a Guerra Fria. "A sensação é de que os nossos colegas dos países da OTAN estão nós empurrando para uma corrida armamentista", disse o ministro russo da Defesa, Anatoly Antonov.
As relações entre os EUA, países da União Europeia (UE) e a Rússia têm sido tensas desde o início do ano passado, quando Moscou anexou a Crimeia. Países do Ocidente acusam Putin de apoiar os rebeldes separatistas, que declararam o leste da Ucrânia como república independente. Mais de seis mil pessoas morreram no conflito entre o Exército ucraniano e as forças rebeldes.
Um acordo de cessar-fogo assinado em março entre Kiev e os separatistas não obteve resultado, o que levou o Ocidente a defender sanções contra Moscou e fortificar suas fronteiras com a Rússia.
Sem avanços em novas negociações em Minsk
Também nesta terça-feira, em Minsk, representantes de Rússia, Ucrânia, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e dos separatistas pró-russos realizaram nova roda de conversações sobre a resolução do conflito na Ucrânia. Negociadores afirmaram que não houve nenhum avanço significativo.
No entanto, a enviada da OSCE, Heidi Tagliavini, disse que a atmosfera deste encontro estava mais construtiva de que a de algumas rodadas anteriores de negociações. Já um dos negociadores do grupo rebelde, Denis Pushilin, descreveu as conversações como inconclusivas para encerrar o conflito. "Fizemos alguns passos positivos, mas, infelizmente, isso não é o resultado que esperávamos", disse.
"Não estamos satisfeitos com o atual progresso", afirmou Pushilin. "Com um progresso como este, as chances de uma solução política do conflito seguem bastante duvidosas." Mas ele acrescentou que os representantes concordaram em se reunir novamente na próxima terça-feira, também em Minsk.
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