Otan criará mais quatro batalhões no Leste Europeu
24 de março de 2022Líderes de países da Otan reunidos em Bruxelas nesta quinta-feira (24/03) decidiram reforçar as capacidades de defesa da aliança militar, diante da invasão russa na Ucrânia, que já dura um mês e não dá sinais de se aproximar de um fim.
Uma das medidas anunciadas após a reunião é estabelecer quatro novos batalhões da Otan no Leste Europeu, compostos por militares de diversos países da aliança, que ficarão estacionados na Bulgária, na Hungria, na Romênia e na Eslováquia.
Esses batalhões se somarão a outros quatro já em atividade no Leste Europeu, na Polônia, na Estônia, na Letônia e na Lituânia.
Os líderes emitiram uma declaração conjunta condenando a invasão russa da Ucrânia, dizendo que ela havia "abalado a paz na Europa". O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também participaram do encontro.
Nesta quarta, líderes do G7 e da União Europeia também realizam reuniões em Bruxelas para tratar da invasão russa da Ucrânia.
40 mil soldados no flanco leste
Desde o início da guerra na Ucrânia, a Otan vem ativando estratégias de defesa e já havia mobilizado parte de sua força de resposta. A aliança conta no momento com 40 mil militares estacionados no Leste Europeu, segundo comunicado divulgado após a reunião.
"À luz da mais grave ameaça à segurança euro-atlântica em décadas, também fortaleceremos significativamente a nossa capacidade de dissuasão e defesa a longo prazo, e desenvolveremos a gama de forças e capacidades necessárias para manter a confiabilidade da dissuasão e da defesa", disseram os líderes.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o comando militar da aliança ativou seus mecanismos de defesa química e nuclear. Ele disse que a Otan está cada vez mais preocupada que a Rússia esteja tentando criar um pretexto para realizar um ataque desse tipo contra a Ucrânia.
Mais apoio à Ucrânia
Stoltenberg disse também que os membros da Otan estão "equipando a Ucrânia com suprimentos militares significativos, incluindo sistemas antitanque e de defesa aérea e drones, que estão se mostrando altamente eficazes, assim como uma ajuda financeira e humanitária substancial".
"Hoje concordamos em fazer mais, incluindo assistência de segurança cibernética e equipamentos para ajudar a Ucrânia a se proteger contra ameaças biológicas, químicas, radiológicas e nucleares", acrescentou.
O chefe da Otan prometeu também mais apoio a outros países que enfrentam ameaças da Rússia, como a Geórgia e a Bósnia.
Questionado sobre se a Otan forneceria à Ucrânia a lista de armas e equipamentos solicitados pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, Stoltenberg disse que os membros da aliança já estão fornecendo armas e equipamentos, mas, "ao mesmo tempo, temos a responsabilidade de evitar que este conflito se torne uma guerra total na Europa".
Mensagem à China
Os líderes da Otan também conclamaram a China a não apoiar a Rússia nem ajudar Moscou a contornar as sanções internacionais.
"Exortamos todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a manterem a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, como consagrado na Carta das Nações Unidas, a se absterem de apoiar o esforço de guerra da Rússia de qualquer forma e a se absterem de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções", diz a declaração conjunta.
A reunião desta quinta-feira também decidiu prorrogar o mandato do secretário-geral da Otan por um ano, até 30 de setembro de 2023. O mandato de Stoltenberg, ex-primeiro-ministro da Noruega, tinha expirado em setembro. É a segunda vez que seu mandato é prorrogado desde que foi nomeado, em outubro de 2014.