Otan muda estratégia
30 de julho de 2007A Otan pretende alterar sua estratégia de combate às milícias radicais islâmicas do Talibã no Afeganistão, com o objetivo de reduzir o número de vítimas civis. "O Talibã mudou de tática e, já que não podem vencer militarmente, estão expondo a população civil a situações em que correm riscos de vida para denegrir a imagem da Otan", disse o secretário-geral da maior aliança militar do mundo, Jaap de Hoop Scheffer, ao jornal britânico Financial Times.
Nos últimos 18 meses, a violência aumentou consideravelmente no Afeganistão, deixando um saldo de 6.500 vítimas civis. Só neste ano, mais de 350 cidadãos civis foram mortos em ataques de soldados estrangeiros, de acordo com o governo afegão e organizações de auxílio, o que provocou duras críticas do presidente afegão Hamid Karsai. Scheffer, no entanto, adverte que a nova estratégia não poderá evitar completamente a morte de cidadãos civis.
Menos confronto direto
A partir de agora, a Otan dará prioridade ao emprego de bombas de menor porte. "Se levarmos uma bomba de 250 quilos a bordo de um avião, ao invés de uma de 500 quilos, isso pode fazer uma enorme diferença", disse de Hoop Scheffer.
Além disso, no futuro, buscas domiciliares deverão ser feitas por policiais afegãos, e não mais por soldados da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), de modo a evitar o confronto direto das tropas com a população local.
O general Dan McNeill, que comanda os 35 mil soldados da Otan em operação no Afeganistão, já deu ordem às tropas para que adiem missões que ponham em risco a população civil. "Se isso significar que atacaremos o Talibã numa quinta em vez de uma quarta-feira, então os pegaremos na quinta-feira", disse de Hoop Scheffer.
Políticos alemães a favor de prolongar missão
No último sábado (28/07), o presidente do Partido Social Democrata alemão (SPD), Kurt Beck, afirmou que não nega a possibilidade de enviar mais soldados da Bundeswehr ao Afeganistão, apesar da crescente resistência de seu partido.
Beck disse ao tablóide Bild am Sonntag que o governo afegão precisa ser estabilizado e as forças de segurança locais, melhor treinadas, antes que estejam em condições de garantir a segurança na região.
Ele apoiou o apelo de Merkel para que a missão alemã no Afeganistão seja prolongada, porém ressaltou que o mandato deve ser revisto a cada ano para que as condições de ação sejam aperfeiçoadas.
Segundo o líder da bancada conservadora no Parlamento alemão, Volker Kauder, os democrata-cristãos aprovariam o envio de mais soldados ao Afeganistão. Segundo ele, enquanto o Talibã não for vencido, o retorno dos soldados não viria ao caso, pois teria como conseqüência um aumento dramático do terrorismo na Europa.
Também o presidente do Partido Verde, Reinhard Bütikofer, declarou-se favorável à ampliação da missão no Afeganistão. "Tudo depende do desenvolvimento de uma estrutura civil. Entre os maiores desafios, estão a criação de uma polícia afegã competente e de um exército confiável", disse.
Com 3,3 mil soldados, a Alemanha representa a terceira maior tropa da Isaf. No final do ano, o Parlamento alemão decidirá sobre o prolongamento das missões da Isaf e da operação Liberdade Duradoura, bem como do emprego dos aviões alemães de reconhecimento do tipo Tornado.
Talibã mantém mais de 20 reféns
Atualmente, 22 reféns sul-coreanos e um alemão continuam sendo mantidos em cativeiro por milícias do Talibã, que exigem a libertação de oito guerrilheiros. Às 9h30 desta segunda-feira (30/07), encerrou-se o prazo do ultimato feito ao governo afegão e prolongado diversas vezes.
Por enquanto, não há notícia da situação das vítimas e seu fututo é incerto. O Talibã ressaltou que o prazo fora prolongado pela última vez. O governo, porém, não pretende ceder e avalia a possibilidade de empregar a violência como último meio.
Nesse meio tempo, os cadáveres dos sul-coreanos mortos chegaram à Coréia do Sul. Também o corpo do alemão morto em cativeiro chegou a Colônia, onde foi submetido a uma autópsia que determinou que morrera com tiros no joelho e nas costas. Um outro alemão ainda continua nas mãos das milícias, mas, de acordo com a agência alemã dpa, passa bem. (rr)