Pacifistas alemães em Florença
10 de novembro de 2002Durante o Fórum Social Europeu, em Florença, o deputado alemão Hans-Christian Ströbele, do Partido Verde, defendeu uma cooperação mais estreita dos partidos políticos com os críticos da globalização. Os grupos e ONGs, no entanto, não deveriam perder sua independência, nem permitir que os partidos os utilizem, advertiu o único deputado do partido ecologista alemão eleito diretamente em seu distrito graças ao grande número de votos que recebeu.
Da corrente pacifista dos Verdes, Ströbele tornou-se uma instância ética dentro de seu partido e na Alemanha em geral. Sua coerência, sua resistência a qualquer participação alemã em guerras e missões militares, seja no Kosovo ou no Afeganistão, levaram-no a opor-se à linha pragmática. Esta acabou prevalecendo desde que seu partido passou a integrar a coalizão de governo em Berlim, juntamente com o Partido Social Democrático do chanceler Gerhard Schröder.
Outra Europa é possível
"Sem a pressão das ruas os partidos não têm a força necessária para transformar a globalização numa globalização justa", disse o deputado de cabelos brancos, perante os 5000 participantes de um dos painéis do Fórum Social Europeu. Ele retomou a questão do papel que cabe a movimentos populares e partidos, que foi tematizada há décadas pela esquerda latino-americana e ainda continua atual.
O número de participantes do fórum em Veneza continuou aumentando no fim de semana. Ao todo, cerca de 40 mil freqüentaram os seminários, workshops e grandes assembléias, entre eles 1.500 alemães. "Uma outra Europa é possível " foi o lema das discussões, indicando que a globalização não deve ser aceita passivamente e que o antídoto ao individualismo do novo milênio é a solidariedade. O desemprego em massa, a exclusão de minorias e dos menos favorecidos foram abordados , bem como alternativas ao lado sombrio da nova economia global.
Movimentos ainda desunidos na União Européia
Se já existe uma União Européia, agora trata-se de unificar e integrar melhor os movimentos sociais. Christine Bucholz, da seção alemã do Network Attac: "Aqui em Florença foram feitos os preparativos para criar uma grande rede. Os movimentos pacifistas ainda não têm uma coordenação. Há diferentes movimentos, seja na Itália ou na Grã-Bretanha, enquanto na Alemanha a coordenação já funciona bastante bem. Mas também temos que encontrar uma forma de unir nossos objetivos. Por exemplo na resistência a privatizações".
Ela se referia à abertura do mercado no que se refere a "bens públicos" como água potável e energia. A Organização Mundial da Saúde pretende privatizar esses setores até 2005. Os críticos da globalização exigem que os governo europeus não se prestem a esse jogo, alegando que bens de utilidade pública não devem parar nas mãos da iniciativa privada.