Palavras alemãs no cotidiano brasileiro
O idioma alemão está mais presente no nosso dia a dia do que se imagina. Além de termos como blitz, kitsch ou diesel, outras palavras, como encrenca, chique e até mesmo o nome da Torre Eiffel, têm origem germânica.
Química e guerra
Boa parte das palavras alemãs presentes no nosso cotidiano está ligada ao setor militar ou a elementos químicos, fato explicado pela autoridade que a Alemanha, durante muito tempo, exerceu nessas áreas. O que nem todos sabem é que na língua portuguesa, como também em outros idiomas, palavras que nada têm a ver com química ou guerra e que não soam alemãs também têm origem germânica.
Torre Eiffel
A família de Alexandre Gustave Eiffel, engenheiro que deu nome à celebre construção parisiense, veio de uma área montanhosa no oeste alemão chamada Eifel. Na verdade, seu sobrenome era Bönickhausen, algo impronunciável para muitos franceses. A família adicionou, então, o nome da região de origem e passou a se chamar Bönickhausen Eiffel. E o engenheiro entrou para a história com o novo sobrenome.
O que é isto?
Numa competição de migração de palavras organizada pelo Conselho da Língua Alemã (Deutscher Sprachrat), pessoas de 70 países sugeriram termos germânicos que "viajaram" para outros idiomas. Das seis mil palavras apresentadas, a mais recorrente foi "vasistas", termo francês para janela basculante ou claraboia. A palavra vem do alemão "was ist das?" – literalmente, "o que é isto?".
Encrenca
Nem todos sabem que a palavra "encrenca" tem origem alemã. Quando achavam que um cliente tinha uma doença venérea, as prostitutas que chegaram ao Brasil no final do século 19 e que falavam iídiche, um dialeto alemão da Europa Central, falavam "ein krenke" ("krank" significa doente em alemão). Assim nascia o termo "encrenca", usado hoje no português do Brasil para designar uma situação difícil.
Níquel e cobalto
Níquel e Cobalto, do alemão Nickel e Kobalt, eram gnomos que habitavam, na crença dos mineiros da Idade Média, as montanhas alemãs. Os trabalhadores medievais acreditavam que espíritos maus ("Kobold" em alemão) eram responsáveis pela presença de níquel e cobalto, considerados impurezas, na prata, no ferro e no cobre.
Chope não é cerveja
O chope de cada dia não tem a ver, na sua etimologia, com a palavra cerveja. Trata-se de uma unidade de medida originada do alemão "Schoppen", equivalente a cerca de meio litro. O termo foi integrado ao português através do francês, depois que a corte portuguesa, fugindo de Napoleão, chegou ao Rio de Janeiro, no início do século 19.
Schick, chic e chique
Já a palavra chique, considerada por muitos um patrimônio da língua francesa, é na verdade um termo alemão que chegou ao português através do francês. Muito antes de os costureiros franceses arrasarem nas passarelas, os alemães usavam expressões como "schicklich" ou "sich schickt" para designar apropriado ou bem arrumado. No alemão medieval, a palavra "schick" significa forma, costume.
Fanta
Devido à escassez de matéria-prima, a Coca-Cola da Alemanha foi impedida de produzir seu principal produto durante a Segunda Guerra. Para garantir a própria subsistência, a companhia desenvolveu um novo refrigerante, que na época era feito à base de soro de leite. Um concurso entre os empregados da empresa resultou no nome "Fanta", pois a nova bebida era fantástica – em alemão, "fantastisch".
Bulevar
Quando Luís 14 derrubou as muralhas de Paris, que se tornaram obsoletas para fins de defesa, mandou fazer um anel viário ou bulevar ao redor da cidade. A origem do nome dos antigos baluartes vem do alemão "Bollwerk" – literalmente, paliçada, barreira. "Boulevard" era a forma como os franceses pronunciavam "Bollwerk", termo que acabou dando nome às largas avenidas que substituíram as fortificações.
Blitz, hamster e kombi
Há muitas outras palavras de origem alemã, como blitz, de "Blitz" (raio); Kombi, de "Kombinationsfahrzeug" (veículo combinado) ou hamster, de "hamstern" (juntar), devido às bochechas dos roedores que acumulam alimentos. Já o termo gás, que muitos creem ser de origem germânica, vem do holandês. A palavra foi cunhada pelo químico flamengo Jan Baptista van Helmont, a partir do termo grego "caos".